sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Notas de Nuno Melo

Já deu para perceber que até 27 de Setembro, vai valer quase tudo, na concorrência pelos votos à extrema esquerda. A bloquista Joana Amaral Dias revelou ter recebido um convite para integrar as listas do PS em Coimbra, ou em alternativa, dirigir o Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT).Para alguma imprensa, a tentativa socialista foi notícia, principalmente pela gravidade do atrevimento. Como se uns e outros - socialistas e bloquistas - não se esforçassem há anos, por pescar em águas recíprocas, ou até como se os órgãos e as instituições do Estado não estivessem pejados de escolhas partidárias, que à falta de curriculum, fazem do cartão o único dos critérios.Pena, apesar disso, que ninguém se insurja pelo que mais choca.É que o convite para que a Joana Amaral Dias liderasse o IDT, significa que os socialistas que nos governam, quiseram entregar ao Bloco de Esquerda, a política de combate à droga e à toxicodependência em Portugal,ao Bloco de Esquerda. Exactamente ao partido das marchas pela legalização de drogas, e das “festas do charro”, promovidas ostensivamente contra as leis de um país que agora, apesar disso, queriam ver representado na liderança do IDT, pelo “gene canhoto” da Joana Amaral Dias. Ao longo da legislatura que termina, denunciei muitas vezes o que considero erros trágicos na política contra a droga e a toxicodependência em Portugal, e a promiscuidade na atribuição de dinheiros públicos pelo IDT.
Sempre julguei que nesta matéria, já nada nos surpreenderia.Puro engano.Porque mais do que a negociata, o convite revela que, paradoxalmente, em matéria de política de combate à droga e à toxicodependência, o PS capitulou definitivamente perante a irresponsabilidade da extrema esquerda que seria suposto querer vencer.E depois dos últimos anos, já de si tão eloquentes a este propósito, bater mais fundo seria difícil.

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