quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Crise Ideológica

Meus caros bloguistas,

Apesar de ser um defensor acérrimo das políticas da nova esquerda democrática (esquerda-centro) do meu PS, existem algumas questões onde eu cada vez mais tenho inflexões à direita.
De acordo com a situação económica que o País atravessa, que estupidamente a oposição quer fazer crer que é da responsabilidade total do PS, estamos a viver um período conturbado da história da Humanidade. Um período de recessão económica, conturbado por conflitos bélicos de média dimensão (até ver) e com um consumo exacerbado dos recursos do planeta. Ora já não chegavam todas estas coisas para me colocar no beiral da porta de casa receando o dia de Amanhã, quando na empresa onde trabalho, que por sua vez é dos meus pais, e que espero um dia ser minha, me vejo envolvido às avessas com a Justiça por causa de um antigo funcionário que aparentemente foi "mal despedido". Ora bem, é aqui que os meus nervos fervilham. Agora aparentemente um gajo é "mal despedido"... já não bastava poder ser mal educado, mal humorado, mal disposto, mal jantado... agora é mal despedido?! Para mim, que não é usual configurar na mesma frase a adjectivação de um tempo verbal, confesso que fiquei "bem lixado" com este dilema moral em que me encontro.
Então se eu vivo num país com uma economia deprimida, que tem por objectivo atrair investimento exterior, reformando para que se torne mais competitivo, deparo-me com a perplexidade da Justiça Portuguesa quando decide em favor de um atrasado mental, que custou dinheiro à empresa em formação, que em nada serviu os interesses da empresa senão os seus próprios, que não revelou nada mais do que a constatação clara de que a empresa deu um tiro ao lado, e a Justiça diz que o gajo foi "mal despedido"?!
É isto que me traz ao tema do dilema da inflexão à direita:
A LEI LABORAL É UM ESCÂNDALO!!!! É daquelas coisas que fazia sentido no início do século XX. Faz algum sentido que hoje, em Portugal, exista tanta dificuldade para despedir um mau trabalhador, a não ser que ele roube ou mate alguém dentro do período de trabalho? Sim porque se for fora da empresa, o cidadão matou mas o colaborador não. Pelo que o senhor pode ir preso mas não pode ser "mal despedido". É inacreditável como um País onde a falta de competitividade é assombrosa, não se pense em reformular o código laboral. Será que já pensaram que os que são bons nunca são "mal-despedidos", pelo menos, e sem ser um expert da gestão, não me parece razoável que uma organização prescinda dos seus melhores trabalhadores.
Mas os maus, como são maus, e lhes saiu a sorte grande, porque um dia lhes ofereceram emprego, nunca mais saem de lá. E aqueles a quem a sorte foi ainda maior tiveram a felicidade de serem "mal-despedidos" e por conseguinte receber mais algum da organização onde trabalharam. Ora perante este cenário só me resta dizer que a esquerda no que toca à defesa dos direitos dos trabalhadores, comete o maior disparate que uma economia que se insere num MERCADO LIVRE enfrenta: as empresas que dele fazem parte, sejam sistematicamente atrofiadas por uma lei laboral que só dá benefícios aos trabalhadores e prejuízo às empresas. Como são as empresas que dão trabalho a estes trabalhadores "jeitosos", então sempre que uma falir e se vir "da cor da abelha" para pagar indemnizações aos seus trabalhadores, o que fazem estes "jeitosos"?! Migram para outra empresa e fazem mais do mesmo. E nunca vão perceber que são maus, mas sim as empresas que por lapso os contrataram.
Pois bem, existe um organismo vivo que trabalha da mesma maneira. Migra de célula em célula e quando esta já não lhe pode dar mais nada porque morreu, o mesmo vai bater a outra porta e pufa... mais do mesmo. A única diferença é que o grau de contágio de um, não se aplica ao ser humano, mas de qualquer maneira assemelham-se.
É notável como gerar novos postos de trabalho e dar mais oportunidades em que as merece é tão difícil em Portugal... Quer-me a mim parecer que não é um problema de ideologia... Talvez falta de inteligência para perceber o que é sensato...


quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O nosso Heroi

Depois de tanto se especular aqui têm a resposta as vossas dúvidas.


Apenas vos peço que o respeitem!


http://en.tackfilm.se/?id=1262864414930RA67

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Carta aberta ao primeiro-ministro José Sócrates

por João Miguel Tavares

Excelentíssimo senhor primeiro-ministro: Sensibilizado com o que tudo indica ser mais uma triste confusão envolvendo o senhor e o seu grande amigo Armando Vara, venho desde já solidarizar-me com a sua pessoa, vítima de uma nova e terrível injustiça.

Quererem agora pô-lo numa telemovela - perdoe-me o neologismo - digna do horário nobre da TVI é mais um sintoma do atraso a que chegámos e da falta de atenção das pessoas para as palavras que tão sabiamente proferiu aquando do último congresso do PS: "Em democracia, quem governa é quem o povo escolhe, e não um qualquer director de jornal ou uma qualquer estação de televisão." O senhor acabou de ser reeleito, o tal director de jornal já se foi embora, a referida estação de televisão mudou de gerência, e mesmo assim continuam a importuná-lo. Que vergonha.

Embora no momento em que escrevo estas linhas não sejam ainda claros todos os contornos das suas amigáveis conversas, parece-me desde já evidente que este caso só pode estar baseado num enorme mal-entendido, provocado pelo facto de o senhor ter a infelicidade de estar para as trapalhadas como o pólen para as abelhas - há aí uma química azarada que não se explica. Os meses passam, as legislaturas sucedem-se, os primos revezam-se e o senhor engenheiro continua a ser alvo de campanhas negras, cabalas, urdiduras e toda a espécie de maldades que podem ser orquestradas contra um primeiro-ministro. Nem um mineiro de carvão tem tanto negrume à sua volta. Depois da licenciatura na Independente, depois dos projectos de engenharia da Guarda, depois do apartamento da Rua Braamcamp, depois do processo Cova da Beira, depois do caso Freeport, eis que a "Face Oculta", essa investigação com nome de bar de alterne, tinha de vir incomodar uma pessoa tão ocupada. Jesus Cristo nas mãos dos romanos foi mais poupado do que o senhor engenheiro tem sido pela joint venture investigação criminal/comunicação social. Uma infâmia.

Mas eu não tenho a menor dúvida, senhor engenheiro, de que vossa excelência é uma pessoa tão impoluta como as águas do Tejo, tirando aquela parte onde desagua o Trancão. E não duvido por um momento que aquilo que mais deseja é o bem do País. É isso que Portugal teima em não perceber: quando uma pessoa quer o melhor para o País e está simultaneamente convencida de que ela própria é a melhor coisa que o País tem, é natural que haja um certo entusiasmo na resolução de problemas, incluindo um ou outro que possa sair fora da sua alçada. Desde quando o excesso de voluntarismo é pecado? Mas eu estou consigo, caro senhor engenheiro. E, com alguma sorte, o procurador-geral da República também. Atentamente, JMT

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

"O Factor Vara"

Por Miguel Sousa Tavares

Toda a “carreira”, se assim lhe podemos chamar, de Armando Vara, é uma história que, quando não possa ser explicada pelo mérito (o que, aparentemente, é regra), tem de ser levada à conta da sorte.

Uma sorte extraordinária. Teve a sorte de, ainda bem novo, ter sentido uma irresistível vocação de militante socialista, que para sempre lhe mudaria o destino traçado de humilde empregado bancário da CGD lá na terra.

Teve o mérito de ter dedicado vinte anos da sua vida ao exaltante trabalho político no PS, cimentando um currículo de que, todavia, a nação não conhece, em tantos anos de deputado ou dirigente político, acto, ideia ou obra que fique na memória.

Culminou tão profícua carreira com o prestigiado cargo de ministro da Administração Interna - em cuja pasta congeminou a genial ideia de transformar as directorias e as próprias funções do Ministério em Fundações, de direito privado e dinheiros públicos.

Um ovo de Colombo que, como seria fácil de prever, conduziria à multiplicação de despesa e de "tachos" a distribuir pela "gente de bem" do costume.

Injustamente, a ideia causou escândalo público, motivou a irritação de Jorge Sampaio e forçou Guterres a dispensar os seus dedicados serviços.

E assim acabou - "voluntariamente", como diz o próprio - a sua fase de dedicação à causa pública.

Emergiu, vinte anos depois, no seu guardado lugar de funcionário da CGD, mas agora promovido por antiguidade ao lugar de director, com a misteriosa pasta da "segurança".

E assim se manteve um par de anos, até aparecer também subitamente licenciado em Relações Qualquer Coisa por uma também súbita Universidade, entretanto fechada por ostensiva fraude académica.

Poucos dias após a obtenção do "canudo", o agora dr. Armado Vara viu-se promovido - por mérito, certamente, e por nomeação política, inevitavelmente - ao lugar de administrador da CGD: - assim nasceu um banqueiro.

Mas a sua sorte não acabou aí: -ainda não tinha aquecido o lugar no banco público, e rebentava a barraca do BCP, proporcionando ao Governo socialista a extraordinária oportunidade de domesticar o maior banco privado do país, sem sequer ter de o nacionalizar, limitando-se a nomear os seus escolhidos para a administração, em lugar dos desacreditados administradores de "sucesso".

A escolha caiu em Santos Ferreira, presidente da CGD, que para lá levou dois homens de confiança sua, entre os quais o sortudo dr. Vara.

E, para que o PSD acalmasse a sua fúria, Sócrates deu-lhes a presidência da CGD e assim a meteórica ascensão do dr. Vara na banca nacional acabou por ser assumida com um sorriso e um tom "leve".

Podia ter acabado aí a sorte do homem, mas não.

E, desta vez, sem que ele tenha sido tido ou achado, por pura sorte, descobriu-se que, mesmo depois de ter saído da CGD, conseguiu ser promovido ao escalão máximo de vencimento, no qual vencerá a sua tão merecida reforma, a seu tempo.

Porque, como explicou fonte da "instituição" ao jornal "Público", é prática comum do "grupo" promover todos os seus administradores-quadros ao escalão máximo quando deixam de lá trabalhar.

Fico feliz por saber que o banco público, onde os contribuintes injectaram nos últimos seis meses mil milhões de euros para, entre outros coisas, cobrir os riscos do dinheiro emprestado ao sr. comendador Berardo para ele lançar um raid sobre o BCP, onde se pratica actualmente o maior spread no crédito à habitação, tem uma política tão generosa de recompensa aos seus administradores - mesmo que por lá não tenham passado mais do que um par de anos.

Ah, se todas as empresas, públicas e privadas, fossem assim, isto seria verdadeiramente o paraíso dos trabalhadores!

Eu bem tento sorrir apenas e encarar estas coisas de forma leve. Mas o “factor Vara” deixa-me vagamente deprimido.

Penso em tantos e tantos jovens com carreiras académicas de mérito e esforço, cujos pais se mataram a trabalhar para lhes pagar estudos e que hoje concorrem a lugares de carteiros nos CTT ou de vendedores porta a porta e, não sei porquê, sinto-me deprimido.

Este País não é para todos.

P.S. - Para que as coisas fiquem claras, informo que o sr. (ou dr.) Armando Vara tem a correr contra mim uma acção cível em que me pede 250 000 euros de indemnização por "ofensas ao seu bom-nome". Porque, algures, eu disse o seguinte: "Quando entra em cena Armando Vara, fico logo desconfiado por princípio, porque há muitas coisas no passado político dele de que sou altamente crítico".

Aparentemente, o queixoso pensa que por "passado político" eu quis insinuar outras coisas, que a sua consciência ou o seu invocado "bom-nome" lhe sugerem.

Eu sei que o Código Civil diz que todos têm direito ao bom-nome e que o bom-nome se presume.

Mas eu cá continuo a acreditar noutros valores: - o bom-nome, para mim, não se presume, não se apregoa, não se compra, nem se fabrica em série - ou se tem ou não se tem.

O tribunal dirá, mas, até lá e mesmo depois disso, não estou cativo do "bom-nome" do sr. Armando Vara.

Era o que faltava!

Acabei de confirmar no site e está lá, no site institucional do BCP. Vejam bem os anos de licenciatura e de pós-graduação!!!!! :

- Armando António Martins Vara Dados pessoais: Data de nascimento: 27 de Março de 1954 Naturalidade: Vinhais - Bragança Nacionalidade: Portuguesa

- Cargo: Vice-Presidente do Conselho de Administração Executivo.

- Início de Funções: 16 de Janeiro de 2008 Mandato em Curso: 2008/2010.

- Formação e experiência Académica: Formação - 2005 - Licenciatura em Relações Internacionais (UNI)

- 2004 - Pós-Graduação em Gestão Empresarial (ISCTE)

http://www.millenniumbcp.pt/pubs/pt/grupobcp/quemsomos/orgaossociais//article.j

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Extraordinário... CV de fazer inveja a qualquer gestor de topo, que nunca tenha perdido tempo em tachos e no PS!

Conseguiu tirar uma Pós-graduação ANTES da licenciatura...

Ou a pós-graduação não era pós-graduação ou foi tirada com o mesmo professor da licenciatura, dele e do Eng. Sócrates...

e viva o BCP e o seu "bom-nome" !!!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Está giro está!!!

Miguel Sousa Tavares



Segunda-feira passada, a meio da tarde, faço a A-6, em direcção a Espanha e na companhia de uma amiga estrangeira; quarta-feira de manhã, refaço o mesmo percurso, em sentido inverso, rumo a Lisboa. Tanto para lá como para cá, é uma auto-estrada luxuosa e fantasma. Em contrapartida, numa breve incursão pela estrada nacional, entre Arraiolos e Borba, vamos encontrar um trânsito cerrado, composto esmagadoramente por camiões de mercadorias espanhóis. Vinda de um país onde as auto-estradas estão sempre cheias, ela está espantada com o que vê:

- É sempre assim, esta auto-estrada?

- Assim, como?

- Deserta, magnífica, sem trânsito?

- É, é sempre assim.

- Todos os dias?

- Todos, menos ao domingo, que sempre tem mais gente.

- Mas, se não há trânsito, porque a fizeram?

- Porque havia dinheiro para gastar dos Fundos Europeus, e porque diziam que o desenvolvimento era isto.

- E têm mais auto-estradas destas?

- Várias e ainda temos outras em construção: só de Lisboa para o Porto, vamos ficar com três. Entre S. Paulo e o Rio de Janeiro, por exemplo, não há nenhuma: só uns quilómetros à saída de S. Paulo e outros à chegada ao Rio. Nós vamos ter três entre o Porto e Lisboa: é a aposta no automóvel, na poupança de energia, nos acordos de Quioto, etc. - respondi, rindo-me.

- E, já agora, porque é que a auto-estrada está deserta e a estrada nacional está cheia de camiões?

- Porque assim não pagam portagem.

- E porque são quase todos espanhóis?

- Vêm trazer-nos comida.

- Mas vocês não têm agricultura?

- Não: a Europa paga-nos para não ter. E os nossos agricultores dizem que produzir não é rentável.

- Mas para os espanhóis é?

- Pelos vistos...

Ela ficou a pensar um pouco e voltou à carga:

- Mas porque não investem antes no comboio?

- Investimos, mas não resultou.

- Não resultou, como?

- Houve aí uns experts que gastaram uma fortuna a modernizar a linha Lisboa-Porto, com comboios pendulares e tudo, mas não resultou.

- Mas porquê?

- Olha, é assim: a maior parte do tempo, o comboio não 'pendula'; e, quando 'pendula', enjoa de morte. Não há sinal de telemóvel nem Internet, não há restaurante, há apenas um bar infecto e, de facto, o único sinal de 'modernidade' foi proibirem de fumar em qualquer espaço do comboio. Por isso, as pessoas preferem ir de carro e a companhia ferroviária do Estado perde centenas de milhões todos os anos.

- E gastaram nisso uma fortuna?

- Gastámos. E a única coisa que se conseguiu foi tirar 25 minutos às três horas e meia que demorava a viagem há cinquenta anos...

- Estás a brincar comigo!

- Não, estou a falar a sério!

- E o que fizeram a esses incompetentes?

- Nada. Ou melhor, agora vão dar-lhes uma nova oportunidade, que é encherem o país de TGV: Porto-Lisboa, Porto-Vigo, Madrid-Lisboa... e ainda há umas ameaças de fazerem outro no Algarve e outro no Centro.

- Mas que tamanho tem Portugal, de cima a baixo?

- Do ponto mais a norte ao ponto mais a sul, 561 km.

Ela ficou a olhar para mim, sem saber se era para acreditar ou não.

- Mas, ao menos, o TGV vai directo de Lisboa ao Porto?

- Não, pára em várias estações: de cima para baixo e se a memória não me falha, pára em Aveiro, para os compensar por não arrancarmos já com o TGV deles para Salamanca; depois, pára em Coimbra para não ofender o prof. Vital Moreira, que é muito importante lá; a seguir, pára numa aldeia chamada Ota, para os compensar por não terem feito lá o novo aeroporto de Lisboa; depois, pára em Alcochete, a sul de Lisboa, onde ficará o futuro aeroporto; e, finalmente, pára em Lisboa, em duas estações.

- Como: então o TGV vem do Norte, ultrapassa Lisboa pelo sul, e depois volta para trás e entra em Lisboa?

- Isso mesmo.

- E como entra em Lisboa?

- Por uma nova ponte que vão fazer.

- Uma ponte ferroviária?

- E rodoviária também: vai trazer mais uns vinte ou trinta mil carros todos os dias para Lisboa.

- Mas isso é o caos, Lisboa já está congestionada de carros!

- Pois é.

- E, então?

- Então, nada. São os especialistas que decidiram assim.

Ela ficou pensativa outra vez. Manifestamente, o assunto estava a fasciná-la.

- E, desculpa lá, esse TGV para Madrid vai ter passageiros? Se a auto-estrada está deserta...

- Não, não vai ter.

- Não vai? Então, vai ser uma ruína!

- Não, é preciso distinguir: para as empresas que o vão construir e para os bancos que o vão capitalizar, vai ser um negócio fantástico! A exploração é que vai ser uma ruína - aliás, já admitida pelo Governo - porque, de facto, nem os especialistas conseguem encontrar passageiros que cheguem para o justificar.

- E quem paga os prejuízos da exploração: as empresas construtoras?

- Naaaão! Quem paga são os contribuintes! Aqui a regra é essa!

- E vocês não despedem o Governo?

- Talvez, mas não serve de muito: quem assinou os acordos para o TGV com Espanha foi a oposição, quando era governo...

- Que país o vosso! Mas qual é o argumento dos governos para fazerem um TGV que já sabem que vai perder dinheiro?

- Dizem que não podemos ficar fora da Rede Europeia de Alta Velocidade.

- O que é isso? Ir em TGV de Lisboa a Helsínquia?

- A Helsínquia, não, porque os países escandinavos não têm TGV.

- Como? Então, os países mais evoluídos da Europa não têm TGV e vocês têm de ter?

- É, dizem que assim entramos mais depressa na modernidade.

Fizemos mais uns quilómetros de deserto rodoviário de luxo, até que ela pareceu lembrar-se de qualquer coisa que tinha ficado para trás:

- E esse novo aeroporto de que falaste, é o quê?

- O novo aeroporto internacional de Lisboa, do lado de lá do rio e a uns 50 quilómetros de Lisboa.

- Mas vocês vão fechar este aeroporto que é um luxo, quase no centro da cidade, e fazer um novo?

- É isso mesmo. Dizem que este está saturado.

- Não me pareceu nada...

- Porque não está: cada vez tem menos voos e só este ano a TAP vai cancelar cerca de 20.000. O que está a crescer são os voos das low-cost, que, aliás, estão a liquidar a TAP.

- Mas, então, porque não fazem como se faz em todo o lado, que é deixar as companhias de linha no aeroporto principal e chutar as low-cost para um pequeno aeroporto de periferia? Não têm nenhum disponível?

- Temos vários. Mas os especialistas dizem que o novo aeroporto vai ser um hub ibérico, fazendo a trasfega de todos os voos da América do Sul para a Europa: um sucesso garantido.

- E tu acreditas nisso?

- Eu acredito em tudo e não acredito em nada. Olha ali ao fundo: sabes o que é aquilo?

- Um lago enorme! Extraordinário!

- Não: é a barragem de Alqueva, a maior da Europa.

- Ena! Deve produzir energia para meio país!

- Praticamente zero.

- A sério? Mas, ao menos, não vos faltará água para beber!

- A água não é potável: já vem contaminada de Espanha.

- Já não sei se estás a gozar comigo ou não, mas, se não serve para beber, serve para regar - ou nem isso?

- Servir, serve, mas vai demorar vinte ou mais anos até instalarem o perímetro de rega, porque, como te disse, aqui acredita-se que a agricultura não tem futuro: antes, porque não havia água; agora, porque há água a mais.

- Estás a dizer-me que fizeram a maior barragem da Europa e não serve para nada?

- Vai servir para regar campos de golfe e urbanizações turísticas, que é o que nós fazemos mais e melhor.

Apesar do sol de frente, impiedoso, ela tirou os óculos escuros e virou-se para me olhar bem de frente:

- Desculpa lá a última pergunta: vocês são doidos ou são ricos?

- Antes, éramos só doidos e fizemos algumas coisas notáveis por esse mundo fora; depois, disseram-nos que afinal éramos ricos e desatámos a fazer todas as asneiras possíveis cá dentro; em breve, voltaremos a ser pobres e enlouqueceremos de vez.

Ela voltou a colocar os óculos de sol e a recostar-se para trás no assento. E suspirou:

- Bem, uma coisa posso dizer: há poucos países tão agradáveis para viajar como Portugal! Olha-me só para esta auto-estrada sem ninguém!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

terça-feira, 29 de setembro de 2009

O que os números não escondem

Entre 2005 e 2009, Portugal foi governado por um Executivo Socialista comandado por José Sócrates, que dispunha de uma maioria absoluta no Parlamento. Neste período, e contando com as estimativas actualmente existentes para o corrente ano, vale a pena...

Entre 2005 e 2009, Portugal foi governado por um Executivo Socialista comandado por José Sócrates, que dispunha de uma maioria absoluta no Parlamento.

Neste período, e contando com as estimativas actualmente existentes para o corrente ano, vale a pena salientar os seguintes aspectos:
- O crescimento médio anual do PIB português foi de 0.1%, que compara com 1% na União Europeia (UE-27), motivando que o nosso país tenha continuado a empobrecer face à média dos 27;
- A competitividade da economia portuguesa deteriorou-se, como bem mostra a queda ocorrida nos vários rankings internacionais que abordam esta matéria (por exemplo, no do World Economic Forum, Portugal passou de 24º em 2004 para 43º em 2009);
- O défice externo anual atingiu, em média, 8.8% do PIB - o que atirou o endividamento externo para mais de 100% do PIB (o mais elevado da União Europeia), que compara com 64% em 2004;
- O défice público, até em termos estruturais (ciclicamente ajustado, isto é, expurgado do efeito da crise internacional), deteriorou-se mesmo face ao valor ficcionado de 2005, devendo situar-se acima de 6% do PIB em 2009 - e isto apesar do aumento da carga fiscal, que passou de 34.9% do PIB em 2004 para mais de 37% em 2009, porque a despesa pública, apesar do corte no investimento público, e provando o fracasso do Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE), subiu de 46.5% do PIB em 2004 para um nível recorde de mais de 50% em 2009;
- A dívida pública directa subiu mais de 15 pontos percentuais do PIB, rondando 75% em 2009;
- O endividamento público total (que se obtém juntando à dívida pública directa o endividamento das empresas públicas não financeiras e os encargos previstos com parcerias público-privadas e concessões) disparou mais de 20 pontos percentuais do PIB, quase atingindo 110% no corrente ano;
- A taxa de desemprego passou de pouco mais de 7% para mais de 9% (na UE-27 desceu meio ponto percentual, situando-se, agora, em 8.7%), tendo a população desempregada subido em cerca de 100 mil entre o primeiro trimestre de 2005 e o segundo trimestre de 2009, atingindo já mais de 500 mil indivíduos (no mesmo período, desceu cerca de 800 mil indivíduos na União Europeia);
- O esforço fiscal relativo (carga fiscal face ao nível de vida) continuou a aumentar, atingindo já cerca de 124% da média europeia (118.2% em 2004), a sétima mais elevada dos 27 e a quarta maior subida, que compara com a queda de 7.6 pontos percentuais registada na vizinha Espanha;
- A lentidão da Justiça continuou desesperante; a administração pública manteve um grau de burocracia intolerante (cuja expressão máxima reside na área do licenciamento); no sistema de ensino instalou-se uma cultura facilitista patrocinada centralmente que, ou muito me engano, ou em nada contribuirá para a qualificação e formação futura de recursos humanos de que precisamos como "do pão para a boca".

A tudo isto acresce que, de acordo com a OCDE e o FMI, o potencial de crescimento da economia permanecerá o mais baixo da União Europeia pelo menos durante os próximos cinco a sete anos.

Esta incapacidade de criação de riqueza, a que se junta o elevado endividamento (público e externo), a perda de competitividade e atractividade, e os resultados claramente insuficientes na área das contas públicas revelam o plano muito inclinado, no sentido descendente, em que se encontra a nossa economia. É claro que não foi durante a maioria absoluta de José Sócrates que este plano inclinado se iniciou - isso sucedeu por alturas da nossa adesão ao Euro, na segunda metade dos anos 90 - mas a verdade é que, neste período, a trajectória descendente, ao invés de invertida, foi até reforçada. Tanto que, em Janeiro último, a agência S&P desceu o rating da dívida pública portuguesa, tendo a agência Fitch ameaçado fazer o mesmo brevemente há algumas semanas apenas - o que significa que aumentou o risco de emprestar a Portugal, tendo como consequência uma subida dos juros nos empréstimos ao Estado (para financiar a dívida pública) e, por arrastamento, à banca e a toda a economia.

Sucede que Portugal foi a votos no último domingo. E que, apesar de tudo o que atrás relatei - e certamente com responsabilidades que devem ser imputadas às várias forças políticas da oposição, sobretudo à maior, o PSD -, José Sócrates e o Partido Socialista voltaram a ganhar, agora com maioria parlamentar relativa.

Pela minha parte, desejo desde já boa sorte ao actual e futuro primeiro-ministro.

Mas, caro leitor, creio que não poderemos deixar de estar apreensivos… Pois se com maioria absoluta os resultados foram os que atrás enumerei, e as perspectivas são as que acima descrevi, como será agora, com maioria relativa - e com a manutenção de opções que, como se viu na campanha eleitoral e pelas propostas apresentadas, vão no mesmo sentido do que se tem visto desde 2005?...

Por: Miguel Frasquilho

http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS_OPINION&id=388949

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Representar Portugal

À semelhança das eleições europeias, em que todos ganham e aparentemente só o PS é que perde, julgo que estamos perante um resultado eleitoral, em que quem perde é o país...
Compreendo que a ala da direita, até goste mais deste resultado, no entanto existe uma salvaguarda em que devemos reflectir sob pena de não se discutir aquilo que é importante: A importância da maioria absoluta para uma governação estável.
A razão deste meu post vai nesse sentido, uma vez que, não consigo entender, que um resultado eleitoral, para além de ter vários vencedores não promove a reunião de consensos para o futuro do país. Seja PS, PSD, CDS-PP, BE ou CDU... o rumo que cada um pretende dar a Portugal tem prioridades diferentes, mas que em vez de discutirem Portugal, centram os discursos na adversidade política. Não existe, no actual estado da arte, no panorama político, uma intenção clara para promover o diálogo para a criação de sinergias partidárias em que se geram convergências para o futuro. Esta é a minha principal preocupação. Portugal não consegue ser governado sem maiorias, e este é pura-simplesmente o facto. É preciso pensar o país de forma séria, sem olhar para a côr da camisola e sem apontar dedos.
Quanto tempo acham que vai durar este governo? Não vai com certeza durar 4 anos (oxalá me provem o contrário) e o que mais me assusta é que um projecto de governação para 2 anos para além de insuficiente, corre o risco de num futuro a curto-prazo, criar ainda mais dificuldades a um país que se quer competitivo. Sofremos claramente do síndrome do império romano, em que não governamos nem nos deixamos ser governados.
Para contrariar esta situação é inequívoco que a direita terá que assumir um papel de elevada responsabilidade na aprovação de algumas medidas, cooperando com o governo que será formado. Teremos que seguir uma abordagem muito semelhante à alemã, que para estas próximas eleições, o SPD convocou um congresso extraordinário para se discutir, no seio do partido qual a coligação para governar, caso não haja maioria. Isto para além de demonstrar uma enorme transparência para com o eleitorado, demonstra uma enorme vontade de fazer um país avançar.
Julgo que essa é a grande vantagem da nossa geração e é uma esperança minha para o futuro. Apesar da côr das camisolas que orgulhosamente gostamos de exibir, entre nós existirá sempre o bom senso de prevenir "cambalachos" políticos e promover o bom nome do país que nos elege. Para o Gonçalo Godinho, que nestas coisas está mais involvido que qualquer um de nós, estou certo que terá uma visão desinteressada da política, na perspectiva do oportunismo a que assistimos no meio que nos envolve. Sejamos orgulhosos mas nem tanto!
Somos chamados para representar a vontade do povo e como tal mostrar a nossa preocupação com o destino de Portugal, em vez de entrar em "rodriguinhos" sobre o que um fez, ou faz...


Deixo-vos aqui esta pequeno desabafo, sem quaisquer conotações políticas, e dando algum caractér de isenção a um blog que se prepara para duas tórridas semanas de campanha autárquica...

Um abraço,



sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Tempo de Antena

PS não tem verdade...Está no sangue!

Sim, é verdade. Tenho a perfeita noção que o PS tem fortes possibilides de conquistar as eleições.
No entanto, o País ganha algo com um Governo PS?

O país ganha com um Governo que recuou em grandes apostas?
Onde está o choque tecnológico? Foi o Magalhães? Era a Quimonda?
Esta aposta correu bem? Porquê?

O país ganha com um Governo que perdeu contra os "seus" sindicalistas?
Como serão avaliados os professores? Continuarão lá os incompetentes? O que acontecerá aos que se esforçam para serem melhores?

O país ganha com um Governo que para cumprir a promessa de criar 150 mil postos de trabalho, recorreu à contratação massiva Estatal e depois reduz nas deduções fiscais aos reformados tal como aconteceu aos nossos avós (pessoas que trabalharam mais do que se lhes poderia pedir) para sustentar estes incompetentes que não estudaram/esforçaram o suficiente para terem sucesso?

Vocês, caros colegas de esquerda, acham que o vosso quinhão de impostos está bem encaminhado? Dormem descansados a pensar que vão para as pessoas certas?

O País ganha com um Governo que não tolera a opinião? Que castiga jornais editorializados, arrasa carreiras conquistadas com noites de trabalho e não no beija-mão partidário, exige as perguntas para as entrevistas em antecipado, que cria a ERC e que persegue funcionários públicos (não é por acaso que as reformas antecipadas estão a disparar...)?

O país ganha com um Governo que aprovou em 2007 um decreto-lei que permite que um pedófilo que cometa 1 crime sexual de abuso de crianças e outro que cometa 100 crimes, recebam a mesma pena? Vocês caros colegas de esquerda, revêm-se neste partido?

O país ganha com um Governo que está congelado perante a falência da segurança Social? Que será praticamente impossível nós recebermos reforma já eu estava mentalizado, mas que já os meus pais não se possam reformar...essa não esperava.

O país ganha com um Governo chefiado por José Sócrates?
Quem é José Sócrates? É minimamente inteligente, determinado e teimoso. Não me custa reconhecer e se não o fosse não seria primeiro ministro.
Mas volto a perguntar: quem é este homem que nos lidera?
Um homem que poderá ou não estar envolvido num escândalo de luvas no Freeport?
Um homem que poderá ou não ter o curso tirado com cunhas?
Um homem que poderá ou não ter aprovado obras ilegalmente?
Um homem que poderá ou não intervir na área privada, especialmente na comunicação?
Um homem que poderá ou não ter feito pressões para que o processo casa pia fosse parar à gaveta?

É este homem, em conjunto com os seus resultados, em que os meus caros amigos de esquerda apostam para o Futuro e agitam bandeiras com vigor e felicidade?

Questões morais à parte. Caros amigos de esquerda que trabalham na área privada, gostam de sustentar quem se baldou às aulas para participar em greves (e baldar-se também a estas)? Sustentar quem quis abandonar os estudos para fazer biscates e agora exige condições que só deveria ter se tivesse concluído o programa escolar?
Sustentar quem não se ajusta à evolução do mercado e pede subsídios por falta de competitividade?
Sustentar ou nos termos que nos proteger de alguns emigrantes (classe fundamental para a Economia nacional) que entram em Portugal sem controlo nem apoio social e se vêm encaminhados para a marginalidade?
Sustentar os parasitas que vivem à custa do rendimento social de inserção, deturpando a sua finalidade e retirando a quem realmente precisa para sobreviver?

Eu não me importo de pagar a quem merece.
Eu não me importo da riqueza de outros, ganha justamente.
Eu não me importo que pessoas aptas que não se esforçam sofram as consequências dos seus actos.
O país ganha com a Verdade, doa a quem doer.

O país ganha a dizer o que se pensa e o que tem que ser feito. Sem foul-play nem jogadas de bastidores.
Isto, caros amigos da bancada de esquerda, este Governo Socialista nunca conseguirá fazer...está-lhe no sangue.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O cavaquistão acabou

É verdade, Sérgio. Este blog conta com três participantes de Viseu... dois da esquerda moderada e reformista e um da esquerda radical :)

O cavaquistão acabou!!!

Mais um rosto de seriedade e política de verdade...

Pegando um pouco num tema que tem sido falado nos últimos tempos, aproveito para deixar aqui alguns pensamentos acerca daquele que é suposto ser o Presidente de todos os portugueses, embora se comporte como Presidente de apenas 30% (e estou a ser optimista na percentagem). Não que ache, como o Bernardo, por exemplo, que o carácter da classe política (pseudo)socialista seja particularmente superior: bastaria uma olhadela rápida ao CV do Primeiro-ministro ou uma revisão do tratamento dispensado a Manuel Alegre nos últimos 4 anos.

Ora, nada como começar pela Constituição:

Artigo 120.º O Presidente da República representa a República Portuguesa, garante a independência nacional, a unidade do Estado e o regular funcionamento das instituições democráticas e é, por inerência, Comandante Supremo das Forças Armadas.

Se bem me lembro:

- o Cavaco foi o PR que decidiu fazer uma comunicação ao país para mandar vir relativamente ao novo diploma sobre os Açores, mas NUNCA teve uma palavra acerca do que se passa na Madeira, nunca achou estranho que se impedisse um deputado de entrar no parlamento regional e acedeu alegremente ao pedido de não realização de uma sessão solene, dado que aquilo era ocupado por um "bando de loucos";

- o Cavaco foi o senhor que foi extremamente rápido a falar dos cornos do Pinho, dizendo que "o respeito pelas instituições é um princípio sagrado da democracia", mas não largou um pio quando um deputado do PSD mandou outro para "o caralho";

- o Cavaco foi o indivíduo que se aprestou a afirmar que "deve existir transparência e ética nos negócios" ao referir-se ao assunto PT/Media Capital; curiosamente, nunca achou que devia demitir o Dias Loureiro no âmbito da mesma filosofia de ética, quiçá porque achou que as contradições do senhor seriam, sei lá, decorrentes de um processo de demência avançada;

- cereja no topo do bolo: sabe-se agora que o excelentíssimo PR andou a fazer publicar notícias falsas sobre escutas, de longe o acto mais grave para alguém com as suas responsabilidades.

Resumo: falta alguma coisa para que seja perfeitamente evidente que o senhor é absolutamente incapaz de zelar pelo bom funcionamento das instituições democráticas? Que é uma vergonha para o cargo que ocupa? Que, não sendo possível forçar a sua demissão, é importantíssimo que não seja reeleito e prolongue esta vergonha para a democracia portuguesa?

P.S. Fora de tópico: Bernardo, por acaso serás o Bernardo Simões que eu conheço dos meus tempos de liceu em Viseu?

Participação de director do PÚBLICO na campanha do PSD “fala por si”

Declarações em Lousada

Augusto Santos Silva: Participação de director do PÚBLICO na campanha do PSD “fala por si”
24.09.2009 - 15h42 Leonete Botelho

O secretário nacional do PS considera que a participação do director do PÚBLICO numa acção de campanha do PSD em Santarém, ao lado de Pacheco Pereira, é um daqueles “gestos que falam por si”.

Falando aos jornalistas em Lousada, Augusto Santos Silva começou por considerar que “toda a gente tem o direito de participar politicamente em campanhas eleitorais segundo as suas afinidades políticas”. `Nem o facto de ser director de um órgão de informação que se pretende imparcial pode limitar esse direito, entende: “Ninguém, à excepção dos magistrados judiciais, pode ser impedido de exercer os seus direitos políticos”, afirmou.

No entanto, acrescenta, aquela participação deixa claras as opções de José Manuel Fernandes, caso “alguém tivesse dúvidas das suas opções pessoais e políticas”. Questionado sobre se caiu a máscara, Santos Silva rematou: “Não me parece que houvesse alguma máscara”.

O número três do partido de Portas à Câmara de Moura foi apanhado pela GNR. Estaria a desviar palha de uma herdade


Um candidato do CDS-PP à Câmara Municipal de Moura, de seu nome Pedro dos Reis, foi detido sexta-feira pela GNR por, alegadamente, estar a furtar palha numa herdade localizada na periferia da cidade alentejana, avançou ao DN fonte da Guarda, acrescentando que o homem, de 63 anos, foi interrogado e constituído arguido, ficando a aguardar em liberdade o desenrolar do processo.

A cabeça de lista e presidente da distrital de Beja do CDS, Sílvia Ramos, confirma o envolvimento do seu "número 3" no caso, mas diz que isso não a fará alterar a composição da lista.

"A minha decisão é simples. Somos democratas-cristãos e está explícito na Bíblia que quem nunca pecou que atire a primeira pedra. Não é por meia dúzia de fardos velhos que vamos tirar a pessoa da lista, neste momento. Cabe à Justiça e a Deus julgarem o acto", diz a líder centrista em Beja.

De acordo com a GNR, o caso ocorreu ao final da tarde de sexta--feira, por volta das 18.30, quando uma patrulha em missão de serviço detectou três indivíduos a carregar fardos de palha. "Já tinham diversos fardos colocados numa carrinha quando foram interceptados. Surgiu a suspeita de que se poderia tratar de um furto e, depois, o proprietário da herdade acabou por formalizar a queixa, o que nos levou à detenção dos três indivíduos", acrescenta a fonte.

Na ocasião foram detidos outros dois familiares do candida- to, respectivamente com 23 e 20 anos. Em declarações ao DN, ainda antes de ter obtido esclarecimentos sobre o caso junto da GNR, Sílvia Ramos disse já ter falado com o seu colega de lista. "Disse-me que viu três ou quatro fardos de palha velha e que decidiu apanhá-los. O proprietário, que faz parte de outra lista, fez questão de formalizar a queixa." Segundo a cabeça de lista do CDS, a integração na sua lista de dois indivíduos de etnia cigana, como independentes, tem em vista promover a "inclusão social e a não a exclusão seja de quem for".

"Não estou a desculpabilizar a pessoa, já a chamei à razão e já lhe disse que quando se quer criar outro estilo de vida temos de começar a mudar. Mas não me cabe a mim julgar, pois não sou juiz nem sou Deus", diz Sílvia Ramos, lamentado o "aproveitamento político do caso". "Não percebo como é que três ou quatro fardos de palha equivalem a casos como o BPN, BPP ou Freeport", conclui

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Mais uma pedrada na Asfixia.

Fica sempre bem a qualidade política e línguistica do tão carismático "Saddam das Beiras".

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Voto de tripas e coração

Votar é hoje uma actividade normal. No entanto, a lembrança dos tempos heróicos ainda cria um clima de romance e solenidade que envolve todo o processo eleitoral. Assim, a sua verdade pode acabar distorcida por mitos ingénuos. Mas o próprio princípio democrático convida-nos a desafiar tais mitos e repor a verdade.

A grande maioria das pessoas pensa exercer o seu direito de forma consciente, séria, racional. Todos dizem votar com a cabeça. Isso é pouco provável. Primeiro quase ninguém lê os programas eleitorais. Isso acaba por ser sensato, porque a relação entre tais documentos e qualquer futuro programa de Governo, para não falar das políticas praticadas, é mínima. Dos votos à posse haverá tantos compromissos, negociações, cedências e recuos que as promessas de campanha acabam esquecidas. Mas, mesmo que não acabassem, um voto mesmo racional seria difícil, porque a realidade nem sempre encaixa nas lendas que fundam a sociedade democrática.

Por exemplo, será que um Governo de maioria assegura governabilidade? Dos 17 executivos constitucionais, dez tiveram maioria parlamentar, mas desses só três acabaram o mandato. Na nossa democracia, o caso dominante é o dos sete governos maioritários que não terminaram a tarefa. Depois vêm os seis minoritários que também caíram e só no fim os que cumpriram o compromisso, um deles minoritário. Curiosamente, se somarmos os tempos de vigência, estes quatro executivos com êxito governaram um período praticamente igual ao dos 13 instáveis.

Outra grave confusão vem da atitude política dominante. Portugal em geral, e a Esquerda em particular, gostam muito de um sistema estatista, público, governamentalizado. Todos os regimes dos últimos 200 anos - absolutismo, liberalismo, república, salazarismo e democracia - defenderam o poder paternalista na saúde, educação, economia, etc. Mas depois Portugal em geral e a esquerda em particular criticam violentamente a má qualidade daquilo que o Estado realmente faz.

Todos gostam de um Governo influente, mas nunca do Governo que temos. Os que apregoam a urgência de uma política serão os primeiros a atacar essa mesma estratégia quando concretizada. Insultam--se com vigor organismos, sistemas e intervenções que, em teoria, se promovem com paixão. Se o Estado é tão mau como os partidos dizem, por que razão não são todos neoliberais? Porque insistem em sugerir burocracias e políticas que eles mesmos vão achar horríveis na prática? Assim, não admira que os governos caiam.

Se não se pode votar com a cabeça, então vota-se como? Abandonando o mito da escolha cerebral que todos incensam, olhemos a realidade. A maioria vota com o nariz, sempre no mesmo partido. Depois vêm os indecisos e flutuantes, que se consideram mais sofisticados. Esses seguem três hipóteses.

Nas eleições menores, votam com o coração. Europeias e referendos é onde as razões ideológicas e de simpatia prevalecem e a abstenção e partidos pequenos sobem, porque o jogo é a feijões. Mas isso acaba por ser muito negativo porque essas decisões são mesmo influentes e nenhuma eleição é de desprezar. É por isso que o Parlamento Europeu é grotesco e as escolhas referendárias contraditórias.

Não é provável que isto aconteça nas legislativas, onde a escolha é a sério. Aí todos se deixam de análises e doutrinas e votam com o bolso. É a isto que se chama "voto útil", escolhendo não quem governa melhor ou defende a ideologia preferida mas o que menos estragos fará ao interesse particular. Por isso é que desta vez as coisas estão tão tensas e incertas: os eleitores acham que qualquer dos governos plausíveis fará bastante estrago.

Para além destes métodos de voto, só existe mais um. Nas autárquicas fora dos grandes centros, as pessoas não votam com o nariz, a cabeça, o coração ou o bolso, mas com as tripas. Aí as lutas são renhidas e as paixões intensas, pois todos se conhecem e amam ou odeiam com ardor. Por isso é que as autárquicas são as únicas eleições a sério em Portugal, em que a verdadeira democracia ainda tem hipóteses

por João César das Neves

Será médica?

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

“A vida de Sócrates para além do Prémio Sexy do Correio da Manhã!”

Para além do FREEPORT (ou fripóre!)

Outros acontecimentos na vida de José Socrates

SÓCRATES E A CÂMARA DA GUARDA PRESIDIDA POR ABÍLIO CURTO (em 1998, este foi condenado a seis anos de prisão por corrupção)

Durante a década de 80 Sócrates assinou projectos da autoria de outros técnicos (o que é ilegal) e com a seguinte particularidade : todos os projectos foram aprovados em tempo relâmpago.

O prazo maior é de oito dias e o mais curto de um só dia, mesmo com processos de embargo e pareceres negativos da Direcção Regional de Agricultura.

A reconstrução de uma moradia na aldeia de Faia estava embargada, mas num dia acaba o embargo. José Sócrates fez um requerimento em 10/10/83 e no dia seguinte estava aprovado.

SÓCRATES E A SOVENCO

A Sovenco, criada em 1990, era uma Sociedade de Venda de Combustíveis.

Sócios: José Sócrates, Armando Vara, Fátima Felgueiras, Virgílio de Sousa. Tudo gente recomendável, como se pode ver.

Armando Vara – o tal que foi caixa, durante seis meses, na CGD de Mogadouro e que, passou a administrador da grandiosa CGD, logo após a sua passagem pelo Governo (licenciou-se pela Independente na véspera da promoção). Num ápice! Em 2001 foi apanhado no escândalo da Fundação para a Prevenção e Segurança, uma instituição privada que fundou, usando dinheiros públicos, quando estava no Governo. Foi, por isso, condenado a 4 anos de prisão, com pena suspensa.

Sentença do réu Aníbal Cavaco Silva: Guilty

Caso das escutas
Cavaco afasta Fernando Lima
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Jornal de Negócios Online
negocios@negocios.pt


O Presidente da República, Cavaco Silva, afastou hoje Fernando Lima do cargo de responsável pela assessoria para a Comunicação social, que passará a ser desempenhado por José Carlos Vieira.

Sócrates é fixe

Sócrates é o pior primeiro-ministro desde 1985

José Sócrates é apontado pelos portugueses como o pior primeiro-ministro desde que Portugal entrou na União Europeia. A sondagem exclusiva da Exame/Gemeo-IPAM indica também que Cavaco Silva é o chefe do Governo mais acarinhado dos cinco políticos que governaram Portugal a partir de 1985.


Sócrates é apontado por 27% dos inquiridos como o pior chefe do Governo

Alberto Frias

O actual primeiro-ministro, José Sócrates, vai a votos no próximo domingo. Ainda que as sondagens mais recentes lhe dêem uma ligeira vantagem sobre Manuela Ferreira Leite, de uma coisa não se livra: do rótulo de pior primeiro-ministro desde 1985, ano em que Portugal aderiu à CEE.

Sócrates é apontado por 27% dos inquiridos (num total de 800 entrevistados) como o pior chefe do Governo da era europeia, batendo por quatro pontos percentuais o seu antecessor, Pedro Santana Lopes. Esta é uma das principais conclusões do estudo exclusivo que a Exame encomendou ao Gabinete de Estudos de Mercado e de Opinião, do IPAM (Instituto Português de Administração e Marketing).

Clique para aceder ao índice do Dossiê Portugal 2009

Pelo contrário, o actual presidente da República é considerado o melhor primeiro-ministro. Cavaco Silva, que assumiu o governo do país ainda em 1985, obtém a preferência de 30% dos inquiridos. Santana Lopes é o último colocado deste ranking, com apenas 1%.

Estes valores seguem a tendência que já havia sido detectada numa sondagem anterior, publicada pela Exame em Abril do ano passado (que visava avaliar a performance dos primeiros-ministros da era democrática), mas acentuam a clivagem entre os dois protagonistas políticos. Enquanto Sócrates, em 2008, recebeu as críticas de 22% dos inquiridos (menos 5% do que na actual sondagem), já Cavaco Silva foi o preferido para 23% dos entrevistados (ou seja, menos 7% dos que os valores actuais).

Desde 1985, passaram pelo cargo de primeiro-ministro cinco nomes: José Sócrates, Pedro Santana Lopes, Durão Barroso, António Guterres e Aníbal Cavaco Silva.

Sai mais penalizado quem está no Governo

A Exame ouviu a opinião de dois politólogos, António Costa Pinto e Manuel Meirinho, que não se mostram surpreendidos com os resultados. "A imagem positiva de Cavaco Silva é um dado adquirido na sociedade portuguesa e pode ser muito induzida pela actual condição de Presidente da República", afirma Costa Pinto. Já a avaliação negativa de Sócrates deve-se ao facto de "o estarmos a julgar no momento em que governa. Sai sempre mais penalizado quem está no Governo", avança Manuel Meirinho.

Leia as restantes conclusões da sondagem na edição de Outubro da Exame, nas bancas a partir da próxima quinta-feira, dia 24. Conheça também os atributos que os portugueses consideram importantes num bom primeiro-ministro e descubra ainda se os inquiridos emprestariam mais facilmente dinheiro a José Sócrates ou a Manuela Ferreira Leite.

sábado, 19 de setembro de 2009

Estou, Estou... Escuto?!

Mais uma vez, voltamos a ser atingidos pela violência politico-partidária do PSD. Já não bastava ver Manuela Ferreira Leite a abrir caminho contra os espanhóis e depois de José Pacheco Pereira ao estilo de Dr. Frankenstein, vir proteger a sua criação junto dos jornalistas, temos agora indícios de que o nosso PR, organiza investidas contra São Bento... A politica do PSD, à qual Cavaco Silva não está alheio, coaduna-se com as tácticas de guerrilha de uma milícia armada. Pequenos golpes, mesquinhos e certeiros para abalar um governo que luta pela sua reeleição em plena campanha eleitoral. Para alem da instrumentalização de alguns órgãos de comunicação social, fica bem patente a ideia de que Cavaco Silva se porta como um autêntico general na movimentação das tropas. Perante o silêncio, do PR, que até hoje se pensou ser uma prova de lealdade aos princípios morais próprios de uma campanha eleitoral optando por não interferir, ficam desmitificados depois da notícia lançada ontem pelo DN.

Isto demonstra uma grave crise institucional, que vem provar uma vez mais, a falta de carácter da classe politica Laranja. Cavaco teria passado como uma pessoa isenta de quaisquer intenções a partir do momento em suspeita de estar a ser “escutado”, se tivesse agido em conformidade, tomando medidas que visassem o esclarecimento da questão. Não foi o caso... Não só lançou a ideia através dos Jornais, como agora se vem a descobrir, de que lançou uma mentira encomendada a um jornal.

Na minha opinião, julgo que é importante manter a serenidade e a calma uma vez que falamos da figura do PR, e que, tal e qual como José Sócrates, se deve afirmar a sua imparcialidade durante a campanha para as próximas legislativas. Contudo, a minha imagem de Cavaco, depois da forma como atou na questão estatuto dos açores, resume-se à de um homem com uma profunda falta de nobreza ética e moral que um PR não deve ter. Um homem que voltou à luta politica e que em vez de se demarcar, entranha-se através das maneiras mais podres, que se esperam de alguém com os princípios de um autêntico bárbaro. Resta saber, depois da poeira assentar, quem é quem, no meio deste jogo de espelhos quem em nada elevam o nome do país, arrastando-nos para um pântano bem mal cheiroso, em que as prioridades do país passam para segundo plano, e em que a filosofia clubística se passeia em todo o seu esplendor.