terça-feira, 29 de setembro de 2009

O que os números não escondem

Entre 2005 e 2009, Portugal foi governado por um Executivo Socialista comandado por José Sócrates, que dispunha de uma maioria absoluta no Parlamento. Neste período, e contando com as estimativas actualmente existentes para o corrente ano, vale a pena...

Entre 2005 e 2009, Portugal foi governado por um Executivo Socialista comandado por José Sócrates, que dispunha de uma maioria absoluta no Parlamento.

Neste período, e contando com as estimativas actualmente existentes para o corrente ano, vale a pena salientar os seguintes aspectos:
- O crescimento médio anual do PIB português foi de 0.1%, que compara com 1% na União Europeia (UE-27), motivando que o nosso país tenha continuado a empobrecer face à média dos 27;
- A competitividade da economia portuguesa deteriorou-se, como bem mostra a queda ocorrida nos vários rankings internacionais que abordam esta matéria (por exemplo, no do World Economic Forum, Portugal passou de 24º em 2004 para 43º em 2009);
- O défice externo anual atingiu, em média, 8.8% do PIB - o que atirou o endividamento externo para mais de 100% do PIB (o mais elevado da União Europeia), que compara com 64% em 2004;
- O défice público, até em termos estruturais (ciclicamente ajustado, isto é, expurgado do efeito da crise internacional), deteriorou-se mesmo face ao valor ficcionado de 2005, devendo situar-se acima de 6% do PIB em 2009 - e isto apesar do aumento da carga fiscal, que passou de 34.9% do PIB em 2004 para mais de 37% em 2009, porque a despesa pública, apesar do corte no investimento público, e provando o fracasso do Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE), subiu de 46.5% do PIB em 2004 para um nível recorde de mais de 50% em 2009;
- A dívida pública directa subiu mais de 15 pontos percentuais do PIB, rondando 75% em 2009;
- O endividamento público total (que se obtém juntando à dívida pública directa o endividamento das empresas públicas não financeiras e os encargos previstos com parcerias público-privadas e concessões) disparou mais de 20 pontos percentuais do PIB, quase atingindo 110% no corrente ano;
- A taxa de desemprego passou de pouco mais de 7% para mais de 9% (na UE-27 desceu meio ponto percentual, situando-se, agora, em 8.7%), tendo a população desempregada subido em cerca de 100 mil entre o primeiro trimestre de 2005 e o segundo trimestre de 2009, atingindo já mais de 500 mil indivíduos (no mesmo período, desceu cerca de 800 mil indivíduos na União Europeia);
- O esforço fiscal relativo (carga fiscal face ao nível de vida) continuou a aumentar, atingindo já cerca de 124% da média europeia (118.2% em 2004), a sétima mais elevada dos 27 e a quarta maior subida, que compara com a queda de 7.6 pontos percentuais registada na vizinha Espanha;
- A lentidão da Justiça continuou desesperante; a administração pública manteve um grau de burocracia intolerante (cuja expressão máxima reside na área do licenciamento); no sistema de ensino instalou-se uma cultura facilitista patrocinada centralmente que, ou muito me engano, ou em nada contribuirá para a qualificação e formação futura de recursos humanos de que precisamos como "do pão para a boca".

A tudo isto acresce que, de acordo com a OCDE e o FMI, o potencial de crescimento da economia permanecerá o mais baixo da União Europeia pelo menos durante os próximos cinco a sete anos.

Esta incapacidade de criação de riqueza, a que se junta o elevado endividamento (público e externo), a perda de competitividade e atractividade, e os resultados claramente insuficientes na área das contas públicas revelam o plano muito inclinado, no sentido descendente, em que se encontra a nossa economia. É claro que não foi durante a maioria absoluta de José Sócrates que este plano inclinado se iniciou - isso sucedeu por alturas da nossa adesão ao Euro, na segunda metade dos anos 90 - mas a verdade é que, neste período, a trajectória descendente, ao invés de invertida, foi até reforçada. Tanto que, em Janeiro último, a agência S&P desceu o rating da dívida pública portuguesa, tendo a agência Fitch ameaçado fazer o mesmo brevemente há algumas semanas apenas - o que significa que aumentou o risco de emprestar a Portugal, tendo como consequência uma subida dos juros nos empréstimos ao Estado (para financiar a dívida pública) e, por arrastamento, à banca e a toda a economia.

Sucede que Portugal foi a votos no último domingo. E que, apesar de tudo o que atrás relatei - e certamente com responsabilidades que devem ser imputadas às várias forças políticas da oposição, sobretudo à maior, o PSD -, José Sócrates e o Partido Socialista voltaram a ganhar, agora com maioria parlamentar relativa.

Pela minha parte, desejo desde já boa sorte ao actual e futuro primeiro-ministro.

Mas, caro leitor, creio que não poderemos deixar de estar apreensivos… Pois se com maioria absoluta os resultados foram os que atrás enumerei, e as perspectivas são as que acima descrevi, como será agora, com maioria relativa - e com a manutenção de opções que, como se viu na campanha eleitoral e pelas propostas apresentadas, vão no mesmo sentido do que se tem visto desde 2005?...

Por: Miguel Frasquilho

http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS_OPINION&id=388949

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Representar Portugal

À semelhança das eleições europeias, em que todos ganham e aparentemente só o PS é que perde, julgo que estamos perante um resultado eleitoral, em que quem perde é o país...
Compreendo que a ala da direita, até goste mais deste resultado, no entanto existe uma salvaguarda em que devemos reflectir sob pena de não se discutir aquilo que é importante: A importância da maioria absoluta para uma governação estável.
A razão deste meu post vai nesse sentido, uma vez que, não consigo entender, que um resultado eleitoral, para além de ter vários vencedores não promove a reunião de consensos para o futuro do país. Seja PS, PSD, CDS-PP, BE ou CDU... o rumo que cada um pretende dar a Portugal tem prioridades diferentes, mas que em vez de discutirem Portugal, centram os discursos na adversidade política. Não existe, no actual estado da arte, no panorama político, uma intenção clara para promover o diálogo para a criação de sinergias partidárias em que se geram convergências para o futuro. Esta é a minha principal preocupação. Portugal não consegue ser governado sem maiorias, e este é pura-simplesmente o facto. É preciso pensar o país de forma séria, sem olhar para a côr da camisola e sem apontar dedos.
Quanto tempo acham que vai durar este governo? Não vai com certeza durar 4 anos (oxalá me provem o contrário) e o que mais me assusta é que um projecto de governação para 2 anos para além de insuficiente, corre o risco de num futuro a curto-prazo, criar ainda mais dificuldades a um país que se quer competitivo. Sofremos claramente do síndrome do império romano, em que não governamos nem nos deixamos ser governados.
Para contrariar esta situação é inequívoco que a direita terá que assumir um papel de elevada responsabilidade na aprovação de algumas medidas, cooperando com o governo que será formado. Teremos que seguir uma abordagem muito semelhante à alemã, que para estas próximas eleições, o SPD convocou um congresso extraordinário para se discutir, no seio do partido qual a coligação para governar, caso não haja maioria. Isto para além de demonstrar uma enorme transparência para com o eleitorado, demonstra uma enorme vontade de fazer um país avançar.
Julgo que essa é a grande vantagem da nossa geração e é uma esperança minha para o futuro. Apesar da côr das camisolas que orgulhosamente gostamos de exibir, entre nós existirá sempre o bom senso de prevenir "cambalachos" políticos e promover o bom nome do país que nos elege. Para o Gonçalo Godinho, que nestas coisas está mais involvido que qualquer um de nós, estou certo que terá uma visão desinteressada da política, na perspectiva do oportunismo a que assistimos no meio que nos envolve. Sejamos orgulhosos mas nem tanto!
Somos chamados para representar a vontade do povo e como tal mostrar a nossa preocupação com o destino de Portugal, em vez de entrar em "rodriguinhos" sobre o que um fez, ou faz...


Deixo-vos aqui esta pequeno desabafo, sem quaisquer conotações políticas, e dando algum caractér de isenção a um blog que se prepara para duas tórridas semanas de campanha autárquica...

Um abraço,



sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Tempo de Antena

PS não tem verdade...Está no sangue!

Sim, é verdade. Tenho a perfeita noção que o PS tem fortes possibilides de conquistar as eleições.
No entanto, o País ganha algo com um Governo PS?

O país ganha com um Governo que recuou em grandes apostas?
Onde está o choque tecnológico? Foi o Magalhães? Era a Quimonda?
Esta aposta correu bem? Porquê?

O país ganha com um Governo que perdeu contra os "seus" sindicalistas?
Como serão avaliados os professores? Continuarão lá os incompetentes? O que acontecerá aos que se esforçam para serem melhores?

O país ganha com um Governo que para cumprir a promessa de criar 150 mil postos de trabalho, recorreu à contratação massiva Estatal e depois reduz nas deduções fiscais aos reformados tal como aconteceu aos nossos avós (pessoas que trabalharam mais do que se lhes poderia pedir) para sustentar estes incompetentes que não estudaram/esforçaram o suficiente para terem sucesso?

Vocês, caros colegas de esquerda, acham que o vosso quinhão de impostos está bem encaminhado? Dormem descansados a pensar que vão para as pessoas certas?

O País ganha com um Governo que não tolera a opinião? Que castiga jornais editorializados, arrasa carreiras conquistadas com noites de trabalho e não no beija-mão partidário, exige as perguntas para as entrevistas em antecipado, que cria a ERC e que persegue funcionários públicos (não é por acaso que as reformas antecipadas estão a disparar...)?

O país ganha com um Governo que aprovou em 2007 um decreto-lei que permite que um pedófilo que cometa 1 crime sexual de abuso de crianças e outro que cometa 100 crimes, recebam a mesma pena? Vocês caros colegas de esquerda, revêm-se neste partido?

O país ganha com um Governo que está congelado perante a falência da segurança Social? Que será praticamente impossível nós recebermos reforma já eu estava mentalizado, mas que já os meus pais não se possam reformar...essa não esperava.

O país ganha com um Governo chefiado por José Sócrates?
Quem é José Sócrates? É minimamente inteligente, determinado e teimoso. Não me custa reconhecer e se não o fosse não seria primeiro ministro.
Mas volto a perguntar: quem é este homem que nos lidera?
Um homem que poderá ou não estar envolvido num escândalo de luvas no Freeport?
Um homem que poderá ou não ter o curso tirado com cunhas?
Um homem que poderá ou não ter aprovado obras ilegalmente?
Um homem que poderá ou não intervir na área privada, especialmente na comunicação?
Um homem que poderá ou não ter feito pressões para que o processo casa pia fosse parar à gaveta?

É este homem, em conjunto com os seus resultados, em que os meus caros amigos de esquerda apostam para o Futuro e agitam bandeiras com vigor e felicidade?

Questões morais à parte. Caros amigos de esquerda que trabalham na área privada, gostam de sustentar quem se baldou às aulas para participar em greves (e baldar-se também a estas)? Sustentar quem quis abandonar os estudos para fazer biscates e agora exige condições que só deveria ter se tivesse concluído o programa escolar?
Sustentar quem não se ajusta à evolução do mercado e pede subsídios por falta de competitividade?
Sustentar ou nos termos que nos proteger de alguns emigrantes (classe fundamental para a Economia nacional) que entram em Portugal sem controlo nem apoio social e se vêm encaminhados para a marginalidade?
Sustentar os parasitas que vivem à custa do rendimento social de inserção, deturpando a sua finalidade e retirando a quem realmente precisa para sobreviver?

Eu não me importo de pagar a quem merece.
Eu não me importo da riqueza de outros, ganha justamente.
Eu não me importo que pessoas aptas que não se esforçam sofram as consequências dos seus actos.
O país ganha com a Verdade, doa a quem doer.

O país ganha a dizer o que se pensa e o que tem que ser feito. Sem foul-play nem jogadas de bastidores.
Isto, caros amigos da bancada de esquerda, este Governo Socialista nunca conseguirá fazer...está-lhe no sangue.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O cavaquistão acabou

É verdade, Sérgio. Este blog conta com três participantes de Viseu... dois da esquerda moderada e reformista e um da esquerda radical :)

O cavaquistão acabou!!!

Mais um rosto de seriedade e política de verdade...

Pegando um pouco num tema que tem sido falado nos últimos tempos, aproveito para deixar aqui alguns pensamentos acerca daquele que é suposto ser o Presidente de todos os portugueses, embora se comporte como Presidente de apenas 30% (e estou a ser optimista na percentagem). Não que ache, como o Bernardo, por exemplo, que o carácter da classe política (pseudo)socialista seja particularmente superior: bastaria uma olhadela rápida ao CV do Primeiro-ministro ou uma revisão do tratamento dispensado a Manuel Alegre nos últimos 4 anos.

Ora, nada como começar pela Constituição:

Artigo 120.º O Presidente da República representa a República Portuguesa, garante a independência nacional, a unidade do Estado e o regular funcionamento das instituições democráticas e é, por inerência, Comandante Supremo das Forças Armadas.

Se bem me lembro:

- o Cavaco foi o PR que decidiu fazer uma comunicação ao país para mandar vir relativamente ao novo diploma sobre os Açores, mas NUNCA teve uma palavra acerca do que se passa na Madeira, nunca achou estranho que se impedisse um deputado de entrar no parlamento regional e acedeu alegremente ao pedido de não realização de uma sessão solene, dado que aquilo era ocupado por um "bando de loucos";

- o Cavaco foi o senhor que foi extremamente rápido a falar dos cornos do Pinho, dizendo que "o respeito pelas instituições é um princípio sagrado da democracia", mas não largou um pio quando um deputado do PSD mandou outro para "o caralho";

- o Cavaco foi o indivíduo que se aprestou a afirmar que "deve existir transparência e ética nos negócios" ao referir-se ao assunto PT/Media Capital; curiosamente, nunca achou que devia demitir o Dias Loureiro no âmbito da mesma filosofia de ética, quiçá porque achou que as contradições do senhor seriam, sei lá, decorrentes de um processo de demência avançada;

- cereja no topo do bolo: sabe-se agora que o excelentíssimo PR andou a fazer publicar notícias falsas sobre escutas, de longe o acto mais grave para alguém com as suas responsabilidades.

Resumo: falta alguma coisa para que seja perfeitamente evidente que o senhor é absolutamente incapaz de zelar pelo bom funcionamento das instituições democráticas? Que é uma vergonha para o cargo que ocupa? Que, não sendo possível forçar a sua demissão, é importantíssimo que não seja reeleito e prolongue esta vergonha para a democracia portuguesa?

P.S. Fora de tópico: Bernardo, por acaso serás o Bernardo Simões que eu conheço dos meus tempos de liceu em Viseu?

Participação de director do PÚBLICO na campanha do PSD “fala por si”

Declarações em Lousada

Augusto Santos Silva: Participação de director do PÚBLICO na campanha do PSD “fala por si”
24.09.2009 - 15h42 Leonete Botelho

O secretário nacional do PS considera que a participação do director do PÚBLICO numa acção de campanha do PSD em Santarém, ao lado de Pacheco Pereira, é um daqueles “gestos que falam por si”.

Falando aos jornalistas em Lousada, Augusto Santos Silva começou por considerar que “toda a gente tem o direito de participar politicamente em campanhas eleitorais segundo as suas afinidades políticas”. `Nem o facto de ser director de um órgão de informação que se pretende imparcial pode limitar esse direito, entende: “Ninguém, à excepção dos magistrados judiciais, pode ser impedido de exercer os seus direitos políticos”, afirmou.

No entanto, acrescenta, aquela participação deixa claras as opções de José Manuel Fernandes, caso “alguém tivesse dúvidas das suas opções pessoais e políticas”. Questionado sobre se caiu a máscara, Santos Silva rematou: “Não me parece que houvesse alguma máscara”.

O número três do partido de Portas à Câmara de Moura foi apanhado pela GNR. Estaria a desviar palha de uma herdade


Um candidato do CDS-PP à Câmara Municipal de Moura, de seu nome Pedro dos Reis, foi detido sexta-feira pela GNR por, alegadamente, estar a furtar palha numa herdade localizada na periferia da cidade alentejana, avançou ao DN fonte da Guarda, acrescentando que o homem, de 63 anos, foi interrogado e constituído arguido, ficando a aguardar em liberdade o desenrolar do processo.

A cabeça de lista e presidente da distrital de Beja do CDS, Sílvia Ramos, confirma o envolvimento do seu "número 3" no caso, mas diz que isso não a fará alterar a composição da lista.

"A minha decisão é simples. Somos democratas-cristãos e está explícito na Bíblia que quem nunca pecou que atire a primeira pedra. Não é por meia dúzia de fardos velhos que vamos tirar a pessoa da lista, neste momento. Cabe à Justiça e a Deus julgarem o acto", diz a líder centrista em Beja.

De acordo com a GNR, o caso ocorreu ao final da tarde de sexta--feira, por volta das 18.30, quando uma patrulha em missão de serviço detectou três indivíduos a carregar fardos de palha. "Já tinham diversos fardos colocados numa carrinha quando foram interceptados. Surgiu a suspeita de que se poderia tratar de um furto e, depois, o proprietário da herdade acabou por formalizar a queixa, o que nos levou à detenção dos três indivíduos", acrescenta a fonte.

Na ocasião foram detidos outros dois familiares do candida- to, respectivamente com 23 e 20 anos. Em declarações ao DN, ainda antes de ter obtido esclarecimentos sobre o caso junto da GNR, Sílvia Ramos disse já ter falado com o seu colega de lista. "Disse-me que viu três ou quatro fardos de palha velha e que decidiu apanhá-los. O proprietário, que faz parte de outra lista, fez questão de formalizar a queixa." Segundo a cabeça de lista do CDS, a integração na sua lista de dois indivíduos de etnia cigana, como independentes, tem em vista promover a "inclusão social e a não a exclusão seja de quem for".

"Não estou a desculpabilizar a pessoa, já a chamei à razão e já lhe disse que quando se quer criar outro estilo de vida temos de começar a mudar. Mas não me cabe a mim julgar, pois não sou juiz nem sou Deus", diz Sílvia Ramos, lamentado o "aproveitamento político do caso". "Não percebo como é que três ou quatro fardos de palha equivalem a casos como o BPN, BPP ou Freeport", conclui

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Mais uma pedrada na Asfixia.

Fica sempre bem a qualidade política e línguistica do tão carismático "Saddam das Beiras".

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Voto de tripas e coração

Votar é hoje uma actividade normal. No entanto, a lembrança dos tempos heróicos ainda cria um clima de romance e solenidade que envolve todo o processo eleitoral. Assim, a sua verdade pode acabar distorcida por mitos ingénuos. Mas o próprio princípio democrático convida-nos a desafiar tais mitos e repor a verdade.

A grande maioria das pessoas pensa exercer o seu direito de forma consciente, séria, racional. Todos dizem votar com a cabeça. Isso é pouco provável. Primeiro quase ninguém lê os programas eleitorais. Isso acaba por ser sensato, porque a relação entre tais documentos e qualquer futuro programa de Governo, para não falar das políticas praticadas, é mínima. Dos votos à posse haverá tantos compromissos, negociações, cedências e recuos que as promessas de campanha acabam esquecidas. Mas, mesmo que não acabassem, um voto mesmo racional seria difícil, porque a realidade nem sempre encaixa nas lendas que fundam a sociedade democrática.

Por exemplo, será que um Governo de maioria assegura governabilidade? Dos 17 executivos constitucionais, dez tiveram maioria parlamentar, mas desses só três acabaram o mandato. Na nossa democracia, o caso dominante é o dos sete governos maioritários que não terminaram a tarefa. Depois vêm os seis minoritários que também caíram e só no fim os que cumpriram o compromisso, um deles minoritário. Curiosamente, se somarmos os tempos de vigência, estes quatro executivos com êxito governaram um período praticamente igual ao dos 13 instáveis.

Outra grave confusão vem da atitude política dominante. Portugal em geral, e a Esquerda em particular, gostam muito de um sistema estatista, público, governamentalizado. Todos os regimes dos últimos 200 anos - absolutismo, liberalismo, república, salazarismo e democracia - defenderam o poder paternalista na saúde, educação, economia, etc. Mas depois Portugal em geral e a esquerda em particular criticam violentamente a má qualidade daquilo que o Estado realmente faz.

Todos gostam de um Governo influente, mas nunca do Governo que temos. Os que apregoam a urgência de uma política serão os primeiros a atacar essa mesma estratégia quando concretizada. Insultam--se com vigor organismos, sistemas e intervenções que, em teoria, se promovem com paixão. Se o Estado é tão mau como os partidos dizem, por que razão não são todos neoliberais? Porque insistem em sugerir burocracias e políticas que eles mesmos vão achar horríveis na prática? Assim, não admira que os governos caiam.

Se não se pode votar com a cabeça, então vota-se como? Abandonando o mito da escolha cerebral que todos incensam, olhemos a realidade. A maioria vota com o nariz, sempre no mesmo partido. Depois vêm os indecisos e flutuantes, que se consideram mais sofisticados. Esses seguem três hipóteses.

Nas eleições menores, votam com o coração. Europeias e referendos é onde as razões ideológicas e de simpatia prevalecem e a abstenção e partidos pequenos sobem, porque o jogo é a feijões. Mas isso acaba por ser muito negativo porque essas decisões são mesmo influentes e nenhuma eleição é de desprezar. É por isso que o Parlamento Europeu é grotesco e as escolhas referendárias contraditórias.

Não é provável que isto aconteça nas legislativas, onde a escolha é a sério. Aí todos se deixam de análises e doutrinas e votam com o bolso. É a isto que se chama "voto útil", escolhendo não quem governa melhor ou defende a ideologia preferida mas o que menos estragos fará ao interesse particular. Por isso é que desta vez as coisas estão tão tensas e incertas: os eleitores acham que qualquer dos governos plausíveis fará bastante estrago.

Para além destes métodos de voto, só existe mais um. Nas autárquicas fora dos grandes centros, as pessoas não votam com o nariz, a cabeça, o coração ou o bolso, mas com as tripas. Aí as lutas são renhidas e as paixões intensas, pois todos se conhecem e amam ou odeiam com ardor. Por isso é que as autárquicas são as únicas eleições a sério em Portugal, em que a verdadeira democracia ainda tem hipóteses

por João César das Neves

Será médica?

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

“A vida de Sócrates para além do Prémio Sexy do Correio da Manhã!”

Para além do FREEPORT (ou fripóre!)

Outros acontecimentos na vida de José Socrates

SÓCRATES E A CÂMARA DA GUARDA PRESIDIDA POR ABÍLIO CURTO (em 1998, este foi condenado a seis anos de prisão por corrupção)

Durante a década de 80 Sócrates assinou projectos da autoria de outros técnicos (o que é ilegal) e com a seguinte particularidade : todos os projectos foram aprovados em tempo relâmpago.

O prazo maior é de oito dias e o mais curto de um só dia, mesmo com processos de embargo e pareceres negativos da Direcção Regional de Agricultura.

A reconstrução de uma moradia na aldeia de Faia estava embargada, mas num dia acaba o embargo. José Sócrates fez um requerimento em 10/10/83 e no dia seguinte estava aprovado.

SÓCRATES E A SOVENCO

A Sovenco, criada em 1990, era uma Sociedade de Venda de Combustíveis.

Sócios: José Sócrates, Armando Vara, Fátima Felgueiras, Virgílio de Sousa. Tudo gente recomendável, como se pode ver.

Armando Vara – o tal que foi caixa, durante seis meses, na CGD de Mogadouro e que, passou a administrador da grandiosa CGD, logo após a sua passagem pelo Governo (licenciou-se pela Independente na véspera da promoção). Num ápice! Em 2001 foi apanhado no escândalo da Fundação para a Prevenção e Segurança, uma instituição privada que fundou, usando dinheiros públicos, quando estava no Governo. Foi, por isso, condenado a 4 anos de prisão, com pena suspensa.

Sentença do réu Aníbal Cavaco Silva: Guilty

Caso das escutas
Cavaco afasta Fernando Lima
--------------------------------------------------------------------------------
Jornal de Negócios Online
negocios@negocios.pt


O Presidente da República, Cavaco Silva, afastou hoje Fernando Lima do cargo de responsável pela assessoria para a Comunicação social, que passará a ser desempenhado por José Carlos Vieira.

Sócrates é fixe

Sócrates é o pior primeiro-ministro desde 1985

José Sócrates é apontado pelos portugueses como o pior primeiro-ministro desde que Portugal entrou na União Europeia. A sondagem exclusiva da Exame/Gemeo-IPAM indica também que Cavaco Silva é o chefe do Governo mais acarinhado dos cinco políticos que governaram Portugal a partir de 1985.


Sócrates é apontado por 27% dos inquiridos como o pior chefe do Governo

Alberto Frias

O actual primeiro-ministro, José Sócrates, vai a votos no próximo domingo. Ainda que as sondagens mais recentes lhe dêem uma ligeira vantagem sobre Manuela Ferreira Leite, de uma coisa não se livra: do rótulo de pior primeiro-ministro desde 1985, ano em que Portugal aderiu à CEE.

Sócrates é apontado por 27% dos inquiridos (num total de 800 entrevistados) como o pior chefe do Governo da era europeia, batendo por quatro pontos percentuais o seu antecessor, Pedro Santana Lopes. Esta é uma das principais conclusões do estudo exclusivo que a Exame encomendou ao Gabinete de Estudos de Mercado e de Opinião, do IPAM (Instituto Português de Administração e Marketing).

Clique para aceder ao índice do Dossiê Portugal 2009

Pelo contrário, o actual presidente da República é considerado o melhor primeiro-ministro. Cavaco Silva, que assumiu o governo do país ainda em 1985, obtém a preferência de 30% dos inquiridos. Santana Lopes é o último colocado deste ranking, com apenas 1%.

Estes valores seguem a tendência que já havia sido detectada numa sondagem anterior, publicada pela Exame em Abril do ano passado (que visava avaliar a performance dos primeiros-ministros da era democrática), mas acentuam a clivagem entre os dois protagonistas políticos. Enquanto Sócrates, em 2008, recebeu as críticas de 22% dos inquiridos (menos 5% do que na actual sondagem), já Cavaco Silva foi o preferido para 23% dos entrevistados (ou seja, menos 7% dos que os valores actuais).

Desde 1985, passaram pelo cargo de primeiro-ministro cinco nomes: José Sócrates, Pedro Santana Lopes, Durão Barroso, António Guterres e Aníbal Cavaco Silva.

Sai mais penalizado quem está no Governo

A Exame ouviu a opinião de dois politólogos, António Costa Pinto e Manuel Meirinho, que não se mostram surpreendidos com os resultados. "A imagem positiva de Cavaco Silva é um dado adquirido na sociedade portuguesa e pode ser muito induzida pela actual condição de Presidente da República", afirma Costa Pinto. Já a avaliação negativa de Sócrates deve-se ao facto de "o estarmos a julgar no momento em que governa. Sai sempre mais penalizado quem está no Governo", avança Manuel Meirinho.

Leia as restantes conclusões da sondagem na edição de Outubro da Exame, nas bancas a partir da próxima quinta-feira, dia 24. Conheça também os atributos que os portugueses consideram importantes num bom primeiro-ministro e descubra ainda se os inquiridos emprestariam mais facilmente dinheiro a José Sócrates ou a Manuela Ferreira Leite.

sábado, 19 de setembro de 2009

Estou, Estou... Escuto?!

Mais uma vez, voltamos a ser atingidos pela violência politico-partidária do PSD. Já não bastava ver Manuela Ferreira Leite a abrir caminho contra os espanhóis e depois de José Pacheco Pereira ao estilo de Dr. Frankenstein, vir proteger a sua criação junto dos jornalistas, temos agora indícios de que o nosso PR, organiza investidas contra São Bento... A politica do PSD, à qual Cavaco Silva não está alheio, coaduna-se com as tácticas de guerrilha de uma milícia armada. Pequenos golpes, mesquinhos e certeiros para abalar um governo que luta pela sua reeleição em plena campanha eleitoral. Para alem da instrumentalização de alguns órgãos de comunicação social, fica bem patente a ideia de que Cavaco Silva se porta como um autêntico general na movimentação das tropas. Perante o silêncio, do PR, que até hoje se pensou ser uma prova de lealdade aos princípios morais próprios de uma campanha eleitoral optando por não interferir, ficam desmitificados depois da notícia lançada ontem pelo DN.

Isto demonstra uma grave crise institucional, que vem provar uma vez mais, a falta de carácter da classe politica Laranja. Cavaco teria passado como uma pessoa isenta de quaisquer intenções a partir do momento em suspeita de estar a ser “escutado”, se tivesse agido em conformidade, tomando medidas que visassem o esclarecimento da questão. Não foi o caso... Não só lançou a ideia através dos Jornais, como agora se vem a descobrir, de que lançou uma mentira encomendada a um jornal.

Na minha opinião, julgo que é importante manter a serenidade e a calma uma vez que falamos da figura do PR, e que, tal e qual como José Sócrates, se deve afirmar a sua imparcialidade durante a campanha para as próximas legislativas. Contudo, a minha imagem de Cavaco, depois da forma como atou na questão estatuto dos açores, resume-se à de um homem com uma profunda falta de nobreza ética e moral que um PR não deve ter. Um homem que voltou à luta politica e que em vez de se demarcar, entranha-se através das maneiras mais podres, que se esperam de alguém com os princípios de um autêntico bárbaro. Resta saber, depois da poeira assentar, quem é quem, no meio deste jogo de espelhos quem em nada elevam o nome do país, arrastando-nos para um pântano bem mal cheiroso, em que as prioridades do país passam para segundo plano, e em que a filosofia clubística se passeia em todo o seu esplendor.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Rajoy afirma que TGV favorece a integração

Rajoy afirma que TGV favorece a integração
por Francisco Almeida Leite
Hoje


Líder do Partido Popular espanhol diz que a ligação de TGV entre Lisboa e Madrid é prioritária. Mas recusa envolver-se na campanha eleitoral em curso em Portugal.


Mariano Rajoy é "favorável à conexão entre Lisboa e Madrid por uma linha de alta velocidade". O presidente do Partido Popular espanhol, contactado através do seu gabinete, sustenta, em declarações exclusivas ao DN, que a ligação de TVG entre os dois países vizinhos "fortalece a integração, o desenvolvimento e é boa para os dois lados".

O líder da oposição espanhola considera que o TGV Lisboa-Madrid "é prioritário", mas recusa comentar o uso deste tema na campanha eleitoral das legislativas em Portugal: "Na campanha não nos metemos." Sobre o facto de a presidente do PSD - parceiro do PP espanhol no Partido Popular Europeu - defender o adiamento ou a suspensão do TGV entre Lisboa e Madrid, Mariano Rajoy é da opinião que "a senhora Manuela Ferreira Leite conhece melhor a situação portuguesa e saberá quais são as suas prioridades."

A posição do ex-ministro dos governos liderados por José María Aznar vem ao encontro das que esta semana foram tomadas por outros responsáveis políticos espanhóis, do PP e do partido do Executivo, o PSOE (ver outra notícia em baixo). Com uma nuance: Rajoy recusa-se a classificar as declarações de Manuela Ferreira Leite sobre o TGV e diz ainda que esta questão não pode afectar as relações entre os dois países: "A relação do PP com Portugal será sempre uma relação de afectos e de compreensão."

Apesar disto, Mariano Rajoy vem juntar o PP espanhol à comunhão política que se vive em Espanha à volta da necessidade de construir o TGV entre os dois países. Logo depois do debate entre José Sócrates e Manuela Ferreira Leite, José Blanco, em declarações à agência EFE, mostrou-se preocupado com a possibilidade de o projecto não avançar. Segundo o ministro do Fomento espanhol e número dois do PSOE, as ligações Lisboa-Badajoz e Porto-Vigo vão no sentido de "integrar verdadeiramente a Península Ibérica".

Ontem, o El País escrevia, em editorial, que a Espanha e os espanhóis estariam a ser usados por certos candidatos nas eleições legislativas portuguesas como um autêntico "bode expiatório de males próprios" e como "isco" numa "desesperada caça ao voto". Fazendo uma distinção entre o que pensam os dois candidatos ao cargo de primeiro-ministro em Portugal, o El País descreve o líder do PS, José Sócrates, é "um firme defensor das grandes obras públicas para modernizar Portugal, gerar emprego e combater a crise". Já sobre a presidente do PSD diz o seguinte: "Tudo ao contrário do que pensa a senhora Ferreira Leite, que reclama austeridade. Na sua opinião, o comboio de alta velocidade é um gasto supérfluo que responde mais ao interesse espanhol de receber fundos comunitários do que às necessidades de Portugal."

TGV fica de fora

Manuela Ferreira Leite está hoje em Viana do Castelo e em Barcelos, na sua primeira incursão pelo Norte do País. É nesta região que vai investir toda a energia no confronto com José Sócrates. O TGV, depois de uma semana de polémica intensa, deixa a campanha em alta velocidade. A líder do PSD, aconselhada pelo seu núcleo-duro, entende que a polémica com o Governo e com o espanhóis já rendeu o que tinha que render. Quer agora falar dos problemas dos portugueses. O desemprego e as questões sociais vão marcar uma nova etapa da campanha eleitoral.

O DN sabe que a presidente do PSD tem sido aconselhada a não insistir mais na questão do TGV, tendo em conta os efeitos directos e indirectos que o tema já causou.

Assim se vê a força do PSD!

"Preto de merda"

A não-asfixia democrática volta mais uma vez a ser evidente na Madeira, perante a categórica observação feita no Twitter pelo senhor André Freitas, secretário pessoal do Presidente do Governo Regional da Madeira. (Via Arrastão)

P.S. Gonçalo, acho que só tens problemas com o telemóvel se andares pelo nível de administrador (suponho que ainda não seja o caso). Além do mais, o Louçã não é o Paulo Portas para se vender por um lugar de Ministro.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Será que me vão tributar o telemóvel da empresa!?

Sócrates admite alianças à esquerda


Cenário de um entendimento parlamentar com o Bloco de Esquerda em cima da mesa

Em 2005, um homem preocupado com a "governabilidade" andou a convencer José Sócrates a falar com o Bloco de Esquerda. Chamava-se António Costa e acreditava firmemente que só seria possível aguentar um governo minoritário com um acordo com os bloquistas em ascensão. A chaga dos governos guterristas de geometria variável que redundaram no "pântano" estava demasiado próxima para que a repetição da aventura passasse pelas cabeças dos socialistas mais experientes.

José Sócrates aceitou a estratégia e convenceu-se que se o PS tinha que fazer pontes para algum lado, o Bloco de Esquerda seria o parceiro mais realista. Como o CDS tinha estado no governo com o PSD, estava fora de questão. Fazer um bloco central era inimaginável. À excepção do acordo autárquico em Lisboa, as relações PS-PCP foram sempre difíceis. O Bloco apareceu a Sócrates como uma hipótese de aliança, mas não foi preciso: conseguiu a primeira maioria absoluta da história do PS e não precisou de falar com mais ninguém.

E agora? Pela primeira vez na vida, o cenário regressa, embora todos os contendores fujam de falar nele em público. Óbvio: qualquer palavra a mais pode prejudicar um voto no próprio partido e ninguém é suicida. Mas, esta semana, em entrevista à Antena 1, José Sócrates pela primeira disse essa palavra a mais. "Eu aprendi desde cedo que a democracia é o reino do compromisso, impõe compromissos". O PS procurará "um compromisso" em nome de uma "solução estável para assegurar a governabilidade". Foi isso que Maria Flor Pedroso lhe arrancou a ferros: inicialmente, o secretário-geral do PS não estava disponível para abandonar a cassete do "não antecipar cenários", que acabam por ser "um desrespeito pelos portugueses".

O mesmo se passa com o Bloco de Esquerda. Não pode haver uma palavra a mais e o BE tudo fará para ser dissociado daquele que entre o eleitorado mais à esquerda aparece quase "monstrificado": José Sócrates, ele mesmo. Francisco Louçã tem repetido que o Bloco de Esquerda é "um partido responsável" e a estratégia está definida: se o PS vencer as eleições sem maioria absoluta, não será o Bloco de Esquerda a rejeitar o programa do governo. Os programas de governo, segundo a Constituição, não precisam de ser aprovados, mas podem ser rejeitados. Ora, o Bloco de Esquerda não tenciona matar um governo PS à nascença e nunca aprovará qualquer moção de rejeição do programa do governo que possa ser apresentado por outros partidos.

Este é o primeiro passo. O resto acontecerá em sequência: os dirigentes do Bloco de Esquerda sabem perfeitamente que não irão conseguir reorientar os fundamentos da política económica do país, mas estão preparados para viabilizar o governo minoritário do PS, aprovando os orçamentos se, em troca, conseguirem ver renegociadas a dimensão e a escala das políticas públicas. Esta é a questão que, se o PS ganhar as eleições, vai estar em cima da mesa, como alternativa ao Bloco Central que, apesar de ser mais fácil - atendendo à comunhão entre socialistas e sociais-democratas em políticas essenciais - é muito fracturante no interior do PS, aliás como dentro do próprio PSD.

As negociações entre o PS e o Bloco de Esquerda não nasceram ontem. Em 1999, durante o governo minoritário de António Guterres, o Bloco de Esquerda esteve quase a aprovar o orçamento de Estado, depois de uma negociação que parecia bem sucedida relativamente ao imposto sobre as grandes fortunas. Estava quase tudo arrumado, mas a dois dias da aprovação do orçamento, António Guterres optou pelo voto do queijo limiano - que marcou, de resto, o início da imersão do guterrismo no pântano.

Acresce a isto uma razão fundamental para que o Bloco de Esquerda não fuja a entendimentos com o governo minortiário PS - não poderá ser responsabilizado, se se mantiver inflexível, de voltar a atirar o país para os braços da direita, caso o governo PS caia a curto prazo e o PSD apareça então finalmente reforçado. Para um partido que agora definiu como estratégia a prazo "disputar o governo do país", não seria grande cartão de visita aparecer daqui a seis meses como o responsável pelo regresso da direita à governação. O PRD fez esse trajecto e acabou mal.

Falar em público sobre o futuro apoio do Bloco de Esquerda a um governo PS minoritário é quase um tabu, tanto para dirigentes bloquistas como para dirigentes socialistas. Os socialistas querem captar o máximo de voto útil da esquerda para o PS, travando a transferência de votos para o partido coordenado por Francisco Louçã. Os bloquistas morrem de medo que o eleitorado os associe, ainda que remotamente, a José Sócrates, catalisador de vários ódios por estes dias, tanto à esquerda como à direita. "Um governo minoritário não pode governar de olhos fechados à correlação de forças. Utilizaremos os nossos deputados para favorecer as medidas de esquerda", diz o dirigente João Semedo ao i.

Foi no seu estilo habitual que Jerónimo de Sousa comentou a anunciada abertura de José Sócrates a "compromissos" com a esquerda: "A minha alma está parva", disse o secretário-geral do PCP, evocando os quatro anos e meio em que o PS "não se esforçou".Tentando afujentar o voto útil e colando o rótulo de "partido de protesto" ao Bloco, por meias palavras, o PCP tem insistido na sua responsabilidade: "Este não é um programa de uma força que se limita ao protesto e à contestação. É um programa de uma força que não só está apta ao exercício do poder, como está pronta para assumir as mais elevadas responsabilidades no país", disse Jerónimo. "Temos dito que seremos governo, se e quando o povo português quiser", afirmou.

TGV: Mira Amaral critica PSD

TGV: Mira Amaral critica PSD
O ex-ministro social-democrata duvida que o partido tenha competência técnica e visão económica para apresentar alternativas ao projecto de alta velocidade.
Lusa
10:27 Quarta-feira, 16 de Set de 2009

O ex-ministro do PSD revela-se chocado que se possa romper os compromissos assumidos com Espanha
Rui Ochôa

O ex-ministro Mira Amaral duvida que exista no PSD competência técnica e visão económica para apresentar alternativas ao projecto de alta velocidade do Governo socialista, criticando a postura da direcção do partido face ao TGV.

Intervindo ontem à noite na tertúlia "125 minutos com... Fátima Campos Ferreira", no Casino da Figueira da Foz, Mira Amaral disse que o PSD "como partido que aspira ao Governo, devia-se ter preparado para apresentar alternativas".

"Não vejo é no actual PSD competência técnica nem visão económica para explicar isto", argumentou.

Lembrou, por outro lado, que o actual projecto do TGV é o mesmo, assinado em 2003, pelo governo liderado por Durão Barroso e onde a líder social-democrata, Manuela Ferreira Leite, tinha a pasta das Finanças.

"É nesse sentido que o engenheiro Sócrates chamou a atenção, e bem, no debate [televisivo] com a dra. Manuela Ferreira Leite de que o TGV que ele está a executar é aquele que já vinha decidido do governo PSD/CDS-PP", sustentou.

A esse propósito Mira Amaral lembrou que presidia, na altura, ao gabinete de estudos do PSD que, disse, "fazia política com competência técnica" e chumbou o actual modelo do TGV, revelou.

"O problema é que o dr. Barroso disse em público que não ia haver TGV nem grandes projectos enquanto houvesse pobres em Portugal. Chegou ao Governo, deve ter acabado com os pobres porque passou a haver TGV e outras coisas", ironizou.

Apesar das críticas ao actual modelo de alta velocidade - contestou, entre outros aspectos, a ligação entre Lisboa e Porto - Mira Amaral revelou-se chocado que Portugal "possa rasgar" os compromissos assumidos com Espanha "de um dia para o outro".

"O que nós podemos explicar à União Europeia é que podemos ter dificuldades em executá-lo com a rapidez e celeridade que tínhamos pensado", defendeu.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Portugal perde mais fundos do que a Espanha se cancelar o TGV

Portugal perde mais fundos europeus do que a Espanha, caso decida cancelar ou suspender a construção da rede alta velocidade, avança o "Público".

--------------------------------------------------------------------------------

Jornal de Negócios Online
negocios@negocios.pt


Portugal perde mais fundos europeus do que a Espanha, caso decida cancelar ou suspender a construção da rede alta velocidade, avança o “Público”.

A possibilidade de as decisões portuguesas poderem estar a ser condicionadas pelas opções espanholas, um argumento introduzido por Manuela Ferreira Leite no debate de sábado com José Sócrates, esbarra nesta certeza e ainda numa outra: em termos de fundos europeus, Portugal apenas pode influenciar o financiamento das ligações transfronteiriças. Que representam uma pequena parcela dos enormes recursos financeiros que as redes do TGV em Portugal e Espanha vão consumir.

Os financiamentos que dependem de uma acção conjunta dos dois países estão associados aos 60 quilómetros que ligam Ponte de Lima a Vigo, e os 130 quilómetros que unem Évora, Caia, Badajoz e Mérida. Para estes troços foi aprovado um financiamento, no âmbito dos projectos prioritários da Rede Transeuropeia de Transportes (RTE-T) que entregou a Portugal 60% da verba atribuída. Dos 1,2 mil milhões de euros elegíveis como necessários para construir uma rede de alta velocidade nos 120 quilómetros que separam Évora de Mérida, a RTE-T financia 312,6 milhões - dos quais 191,4 milhões seriam entregues a Portugal, segundo o "Público".

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Padeirada "Manuelina"

A acção politica de Manuela Ferreira Leite na campanha para as próximas eleições legislativas decorre de um conjunto de argumentos, que à medida que o tempo passa vão desgastando uma candidata que se julga na eminência de ser governo.

Existem algumas pérolas de sapiência sobre as quais vale a pena reflectir, sob pena de não se entender uma mensagem eleitoral, à boa maneira “Salazarista”...

Começando com a pressão exercida por parte dos “amigos espanhóis”, assim como a ideia de que o TGV é um favor a Espanha por causa de fundos comunitários, a ideia de que Portugal “...não é uma província espanhola.”, e de que está pronta para governar com um governo minoritário porque Portugal não precisa de uma maioria parlamentar para ter uma acção governativa estável, deixam transparecer alguma falta de lucidez democrática.

Relativamente à relação com Espanha, e sabendo que o nosso mercado de exportações é maioritariamente o espanhol, que Portugal e Espanha juntos constituem a Ibéria e de que Portugal faz parte de um projecto europeu conjunto, resta saber se Manuela Ferreira Leite vai adoptar uma política de “Orgulhosamente sós!!”. Não consigo entender, como é que alguém que se revê como detentora de tanta Verdade, pode fazer um debate eleitoral tendo a filosofia de um taxista “ressaibiado” como pano de fundo, que deixa Portugal mais periférico e mais afastado da Europa. Voltámos aos tempos de Aljubarrota, em que os espanhóis eram vistos como uma ameaça e não como um aliado que hoje, em conjunto, ajuda a promover a aproximação de Portugal com a Europa e o Mundo. A gravidade destes comentários são o reflexo de quem não tem ideias nem projectos para um país que nos últimos quatro anos sedimentou relações com parceiros estratégicos, promovendo a formação de clusters, apostando nas energias renováveis, solidificando as contas do estado e com a ambição de tornar o sistema de saúde, judicial e de ensino mais eficazes. Um governo que se preocupou com as acção social com o programa PARES, com o complemento social para idosos e com o aumento do salário mínimo, sem esquecer o apoio às PMEs e à criação de 130.000 postos de trabalho. As criticas de Manuela Ferreira Leite, já só passam pela medida temporal da tomada de decisão, porque é difícil contrariar quem na Verdade fez bem por Portugal.

No entanto, e deixando os “nuestros irmanos”, parece-me ainda mais grave que Manuela Ferreira Leite, tenha dito que governará com um governo minoritário. Aqui algumas respostas ficaram por dar... Como é que se reforma sem maioria e sem coligações? Estará Manuela Ferreira Leite preparada para aprovar leis sem ouvir o Parlamento? São perguntas que me suscitam alguma preocupação, porque quando se pensa que se é detentor da Verdade e se dá o governo regional da Madeira como um exemplo de democracia deixam o barómetro das intenções politicas a roçar o limite do aceitável... É tudo demasiado disparatado e gasto no discurso de Manuela Ferreira Leite, que em nada se prendem com um país democrático e tolerante que tem a ambição e a capacidade de ser ainda melhor.

A Verdade por vezes custa, mas a Verdade é que José Sócrates é o único com capacidades de fazer o país AVANÇAR!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O outro senhor, o que tem de verdade?



Cavaco Silva responde com gracejo a ambiente de «asfixia democrática»

Legislativas 2009

Cavaco Silva responde com gracejo a ambiente de «asfixia democrática»
Hoje às 16:02

Foi com uma gargalhada que o Presidente da República respondeu, esta manhã, à pergunta sobre se sentia que o país está mergulhado num ambiente de «asfixia democrática». Uma tese na qual Manuela Ferreira Leite tem vindo a insistir e que vem marcando estes dias de campanha para as eleições legislativas.

Cavaco Silva responde com gargalhada a questão sobre «asfixia democrática» em PortugalCavaco Silva deixa recado aos partidos políticos

De visita ao Sabugal, o Presidente da República, Cavaco Silva, preferiu responder com bom humor quando foi questionado sobre a tese que tem sido defendida por Manuela Ferreira Leite sobre a «asfixia democrática» em Portugal.

«Respiro aqui nestes ares de Sortelha com um grande à vontade», afirmou Cavaco Silva.

Mais não disse o Presidente da República que, sobre a campanha para as legislativas, deixou alguns apelos aos partidos políticos.

«Informem os cidadãos, não gastem muito dinheiro porque o tempo é difícil nesta campanha. Que haja inovação nos debates, que haja serenidade e que a campanha corra bem até ao dia 27 de Setembro», declarou.

Cavaco Silva esteve, esta sexta-feira, no Sabugal, onde deixou uma palavra de esperança aos agricultores afectados pelos fogos que atingiram o concelho no início deste mês e causaram prejuízos entre os sete e os dez milhões de euros.

Antes das sondagens

Antes das sondagens
de Luís Novaes Tito 11 de Setembro de 2009 Legislativas
Regresso de uns dias de férias onde os jornais foram pouco lidos, as televisões pouco vistas e a Internet esteve interdita.
Foi um bom repouso exercitado pelo acompanhamento dos debates televisivos e abstenção dos comentários que se lhes seguiram. Foi um quase situar na observação onde está colocada a maioria dos eleitores que prefere fazer os raciocínios por si do que se deixar elucidar pelas teorias dos comentadores habituais que moldam a opinião sem se aperceberem que os debates feitos em canal aberto são muito mais analisados com os amigos entre um café e uma água do que seguidos nos canais cabo onde os decanos da opinião dissertam sobre aquilo que se disse e ficou por dizer.
Regresso com a percepção de quem vai votar, das muitas conversas com amigos e conhecidos de circunstância, do empregado do balcão, do pescador na cavaqueira com os seus e apercebo-me que a retórica do PSR e da UDP começa a preocupar muitos dos que já pensaram fazer do Bloco o seu protesto contra algumas acções que nos últimos anos lhes amargaram a vida. Gente que se engasgou com o susto de pensar que a sua deslocação de voto poderá fazer com que para o ano não possam recuperar nas contas com o fisco o que lhes pagou as férias deste ano atendendo ao ataque à classe média que Louçã pretende realizar com a extinção das deduções fiscais conseguidas por terem os filhos a estudar ou em compensação de poupanças.
Entre esses e os outros que nem querem ouvir falar de Ferreira Leite por se lembrarem da barda de malfeitorias que o seu reinado na Educação e nas Finanças lhes trouxe, trago de férias que muitos já concluem que mais vale esperar o aperfeiçoamento das reformas iniciadas e o corrigir de mão de processos mal conseguidos a rasgar tudo num ciclo onde se pretendem rupturas e recomeços com novos retornos a sacrifícios experimentais, alguns dos quais andaram perto de colocar a classe média no Campo Pequeno.

O guião de Carolina

A dona da escrava dos caroços aprendeu bem o guião encomendado...


A mandatária para a juventude do PS fala de política, de opções, de reformas e rupturas. Aconselharam-na a não se envolver na campanha


Aos 22 anos, Carolina Patrocínio fala da fraca competitividade das empresas portuguesas
Carolina Patrocínio não precisa da autorização de José Sócrates para dar entrevistas sobre política, ao contrário do que foi publicado em alguns jornais de Portugal. A história da empregada que lhe tirava os caroços da fruta vale pelo retrato intimista. Carolina é mais do que isso. Em entrevista exclusiva ao i, fala da coragem necessária para fazer reformas políticas e provocar rupturas. Diz que o PS deve governar sozinho, mesmo sem maioria absoluta. E assume as suas opções, apesar de a terem avisado para não se envolver na política.

Por que motivo decidiu ser mandatária nacional para a juventude da campanha do PS às legislativas?

Não decidi à partida ser mandatária para a juventude, esse convite surgiu mais tarde. Escolhi, sim, disponibilizar-me para participar activamente na campanha, dando o meu modesto contributo, independentemente do papel que me viesse a ser atribuído.

Por que razão a escolheram?

Não fui a escolhida, ninguém me procurou. Partiu de mim demonstrar o interesse que tinha em contribuir, na medida das minhas possibilidades, na campanha eleitoral para a reeleição de José Sócrates. Após as primeiras conversas surgiu o convite para ser mandatária, que aceitei com muito orgulho.

Foi José Sócrates que a convidou?

O convite não foi feito directamente por José Sócrates, embora tenha tido, como é natural, a sua concordância.

Já conhecia José Sócrates?

Pessoalmente não, o primeiro contacto aconteceu apenas após o envolvimento que tive nas "Novas Fronteiras".

Como reagiu a sua família?

A minha família, como sempre, apoiou-me desde o início, apesar de me ter alertado para os riscos que inevitavelmente iria correr, fruto de uma maior exposição pública numa área tão sensível como a política.

Quais são, para si, as qualidades e os defeitos do actual primeiro-ministro?

Em primeiro lugar, uma grande coragem política e uma forte determinação para levar a cabo as transformações de que Portugal necessita. Acho que, ao contrário da maioria dos outros líderes partidários, José Sócrates tem uma visão realista e faz uma leitura correcta da sociedade portuguesa. É certo que nem sempre escolhe o caminho mais fácil, mas as rupturas e as reformas de fundo também nunca se fizeram com paninhos quentes...

Acha que o PS, se não tiver maioria absoluta, se deve aliar a outro partido?

Acho que, se o PS vencer sem maioria absoluta, deve governar mesmo em minoria. Não sou analista política, mas face àquilo que tem sido o posicionamento dos partidos da oposição, julgo completamente improvável um governo de coligação. E governar em minoria também poderá significar uma maior responsabilidade da oposição na crítica ou no apoio às medidas do governo.

Como avalia os últimos quatros anos de governo?

Acho que a redução para metade do insucesso escolar, a aposta reconhecidamente ganha nas energias renováveis e a reforma da Segurança Social para acautelar a sua sustentabilidade talvez tenham sido as mais bem conseguidas. O que correu pior e o que ninguém esperava foi o alcance da crise financeira mundial que veio afectar a margem de manobra do governo. Ainda assim, mesmo no cenário de crise instalada, acho que o primeiro-ministro soube estar à altura dos acontecimentos, tomando medidas de carácter excepcional, que transmitiram a segurança e a confiança necessárias para evitar males maiores. Essa postura foi aliás elogiada internacionalmente, pelo facto de Portugal ter sido um dos primeiros países europeus a responder à crise financeira.

Envolveu-se na política por influência de alguém?

Quase todas as pessoas com quem falei me aconselharam a não me envolver na política. Disseram-me que iria criar muitas inimizades e ser alvo de uma chuva de críticas. Estou ciente desse risco e sei que qualquer deslize que tenha será amplificado e repetido até à exaustão. Mas mantive a minha escolha e devo dizer que não estou arrependida. A vida é feita de riscos e quem tem medo fica em casa.

No futuro, gostava de ter uma carreira política?

Não tenho qualquer intenção de fazer carreira política ou sequer de vir a ser militante de um partido. Aquilo que sinto é o dever cívico de participar sempre nas causas em que acredito, sejam elas de natureza política, social ou de cidadania.

Quais são as suas orientações políticas?

Venho de uma família com tradições na área do socialismo democrático e desde pequena que me habituei a assistir a acaloradas discussões sobre temas políticos, em que poucas vezes reina a unanimidade. Gosto de ouvir a opinião de pessoas mais qualificadas que eu nessas matérias, mas também sempre fui incentivada a pensar pela minha cabeça. E, tudo ponderado, considero-me no essencial mais próxima do socialismo democrático.

Em termos políticos, quem são as figuras que mais admira e porquê?

A nível mundial tenho uma grande admiração por tudo o que de extraordinário Nelson Mandela conseguiu fazer, depois de ter estado preso quase 30 anos! Acho notável a capacidade que demonstrou em assegurar a pacificação da África do Sul, quando tudo fazia prever que assim não acontecesse. Por Barack Obama, pela vitória de grande significado histórico e por tudo o que se espera que possa ainda vir a fazer. Em Portugal, destaco Mário Soares pelo papel fulcral que teve no sucesso da democracia em Portugal.

Desde que idade vota? Votou sempre no Partido Socialista?

Desde os dezoito anos, ou seja, desde 2005. Para as legislativas votei sempre PS. Em outras eleições não necessariamente, depende dos candidatos...

Como acha que as pessoas da sua idade vêem a política em Portugal?

Embora não possa generalizar, acho que já estiveram mais alheados da política do que estão hoje. As pessoas, e não só os jovens, começam a perceber que dizer mal da política e dos políticos - sendo esse o caminho mais fácil - não leva a lado nenhum.

Estudou Comunicação Social. Gostava de deixar o entretenimento e fazer jornalismo na área da política?

Eu não deixo o entretenimento. Ele é que me pode deixar a mim... Já acabaram as gravações do "TGV" e do "Tá a Gravar" e, por enquanto, não estou em nenhum projecto, apesar de gostar muito dessa área. Já disse várias vezes que gostaria um dia mais tarde de fazer jornalismo, mas acho que ainda não estou preparada.

O que pensa do programa eleitoral do PS?

Penso que é um programa equilibrado e o possível nas actuais circunstâncias. Não julgo que venha a existir uma alteração profunda do que tem sido a política do governo. Mas a probabilidade de o PS obter uma vitória sem maioria absoluta pode levar à necessidade de fazer, pontualmente, alguns compromissos necessários no Parlamento.

Quais são para si os verdadeiros entraves ao desenvolvimento do país?

Apesar de algumas medidas de sucesso já tomadas, como o Simplex, continua a subsistir alguma burocracia. Apontaria também a falta de mão-de-obra qualificada e a pouca competitividade de muitas empresas nacionais como outros factores de entrave ao desenvolvimento. Ainda esta semana, o jornal i destacava o facto de 80% das empresas em Portugal terem quatro ou menos trabalhadores. Uma grande parte do desemprego resulta da dificuldade de sobrevivência destas pequenas empresas, sobretudo em sectores tradicionais, cuja produção se foi tornando pouco competitiva ou mesmo obsoleta.

E o desemprego?

O desemprego é um dos maiores problemas. Não só em Portugal como a nível mundial. A verdade é que, na maior parte das vezes, o desenvolvimento económico e a procura de maior produtividade e competitividade, de que falava há pouco, levam frequentemente à substituição de mão-de-obra pela incorporação de mais tecnologia, agravando o número de desempregados. Trata-se de um grande desafio, acima de tudo de um novo desafio que exige novas respostas e não as convencionais. A aposta na qualificação das pessoas é uma tarefa tão necessária quanto demorada. Cabe ao governo, através dos sistemas de apoio social, acautelar as condições mínimas para quem se vê numa situação de desemprego e, ao mesmo tempo, através de medidas e incentivos, garantir condições para que as empresas possam criar mais e melhor emprego.

É difícil conciliar os estudos com o trabalho?

Comecei a trabalhar aos 16 anos, quando estava no 11.o ano na St. Julian's School. Estava então no programa "Disney Kids", o primeiro programa que apresentei na SIC. A produção fez um esforço para me ajudar a conciliar as aulas com os horários de trabalho. Depois, aos 18 anos, quando entrei para a universidade, continuei sempre a gravar o mesmo programa. Comecei o mestrado em Media e Jornalismo em 2008 e falta-me agora o último ano, que é o da tese. Este ano, as gravações intensificaram-se porque estive a apresentar dois programas: o "TGV" e o "Tá a Gravar". Mas, uma vez que estava na faculdade, partiu de mim gerir a minha própria agenda. Sempre consegui ter tempo para fazer tudo. Nunca chumbei nenhum ano, nem a nenhuma cadeira. Os meus pais sempre tentaram que a minha vida fosse o mais parecida possível com a das minhas irmãs. Sempre me puxaram para o mundo real, apesar das situações a que a minha vida obriga.

Como lida com aquilo que a imprensa cor-de-rosa escreve sobre si?

A imprensa cor-de-rosa tem a importância que nós lhes quisermos dar. E eu, por ter começado muito nova a trabalhar neste meio, aprendi a separar as águas e a viver a minha vida sem me deixar condicionar pelas coisas que escrevem sobre mim. Tenho, em primeiro lugar, uma base familiar sólida e coesa, que me mantém com os pés na terra e tenho educação e formação para me conseguir distanciar das coisas. Também consigo, com alguma facilidade, relativizar os problemas e pensar que tudo isto não tem muita importância se pensarmos a longo prazo. Claro que é desagradável ler certas coisas que escrevem sobre mim. Mas não as posso evitar.

Lê regularmente o que escrevem?

É inevitável ter conhecimento das notícias que saem diária ou semanalmente na imprensa. Porém, não tenho a curiosidade de ler, muito menos de comprar.

Para terminar, qual é a verdadeira história das uvas e grainhas?

Dei uma entrevista mais intimista, onde me perguntaram qual era o melhor mimo que me podiam fazer. Respondi: quando a minha empregada, que trabalha na minha família há mais de 40 anos, me tira as grainhas das uvas e os caroços das cerejas. Sempre nos fez isso, a mim e às minhas irmãs, e quando fui viver sozinha a primeira coisa que me ofereceu foi um objecto para tirar os caroços da fruta.

PS e PSD separados por dois pontos


PS e PSD separados por dois pontos

A praticamente duas semanas das eleições legislativas, José Sócrates e Manuela Ferreira Leite estão empatado nas intenções de voto. O BE atinge os 11% e fica acima da CDU, que apenas atinge os 8%. O CDS de Paulo Portas vai até aos 6%. E ainda há 30% de indecisos.

A pouco mais de duas semanas das eleições legislativas, o PS continua a liderar as intenções de voto, com 37%, mas o PSD fica apenas a dois pontos percentuais dos socialistas, com 35%, segundo a sondagem realizada pelo Centro de Sondagens e Estudos de Opinião da Universidade Católica para o DN, JN, RTP e Antena 1. O que representa um empate técnico entre as duas principais forças políticas e lança a incerteza sobre quem vencerá as eleições de 27 deste mês. Uma coisa parece quase certa: nem José Sócrates nem Manuela Ferreira Leite parecem ter condições para obter uma maioria absoluta.

Nas legislativas de Fevereiro de 2005, Sócrates conseguiu a proeza (com 45,3%), derrotando o então líder social-democrata, Pedro Santana Lopes, que obteve um dos piores resultados eleitorais do PSD nas legislativas (28,7%).

Nesta sondagem da Católica aponta-se claramente para um crescimento do BE. Os bloquistas obtêm nas intenções de voto 11% (em 2005, o BE conseguiu 6,3% dos votos expressos) e, se assim acontecer, passam a liderar a ala mais à esquerda do PS, destronando a de coligação PCP/PEV, que há quatro anos se manteve à frente do partido de Francisco Louçã. A CDU, liderada por Jerónimo de Sousa, colhe agora apenas 8% nas intenções de voto.

No caso do Bloco de Esquerda, o resultado da sondagem aproxima-se da performance que teve nas últimas eleições europeias (10,7%), mas a CDU fica aquém do que conseguiu para o Parlamento Europeu (10,6%).

O CDS de Paulo Portas, que nas europeias atingiu os 8,3%, quando as sondagens apontavam para um escasso resultado de 2%, consegue neste estudo de opinião 6% nas intenções de voto.

A estimativa de resultados eleitorais do Centro de Sondagens da Católica foi obtida através da distribuição das intenções directas de voto em cada partido e redistribuindo indecisos, que se situam nos 30%. Pelo que a campanha eleitoral, que começa oficialmente no domingo, levará parte deste eleitorado a fazer pender o fiel da balança para o PS ou para o PSD.

A sondagem da Católica também foi realizada poucos dias após o chamado "caso TVI" e as acusações de alegada interferência do PS terão, muito provavelmente, influência nos resultados obtidos pelos socialistas. Mas o frente-a-frente entre José Sócrates e Ferreira Leite amanhã na SIC ajudará os dois líderes a angariar ou não novas simpatias.



in http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1358694

Notas de Nuno Melo

Já deu para perceber que até 27 de Setembro, vai valer quase tudo, na concorrência pelos votos à extrema esquerda. A bloquista Joana Amaral Dias revelou ter recebido um convite para integrar as listas do PS em Coimbra, ou em alternativa, dirigir o Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT).Para alguma imprensa, a tentativa socialista foi notícia, principalmente pela gravidade do atrevimento. Como se uns e outros - socialistas e bloquistas - não se esforçassem há anos, por pescar em águas recíprocas, ou até como se os órgãos e as instituições do Estado não estivessem pejados de escolhas partidárias, que à falta de curriculum, fazem do cartão o único dos critérios.Pena, apesar disso, que ninguém se insurja pelo que mais choca.É que o convite para que a Joana Amaral Dias liderasse o IDT, significa que os socialistas que nos governam, quiseram entregar ao Bloco de Esquerda, a política de combate à droga e à toxicodependência em Portugal,ao Bloco de Esquerda. Exactamente ao partido das marchas pela legalização de drogas, e das “festas do charro”, promovidas ostensivamente contra as leis de um país que agora, apesar disso, queriam ver representado na liderança do IDT, pelo “gene canhoto” da Joana Amaral Dias. Ao longo da legislatura que termina, denunciei muitas vezes o que considero erros trágicos na política contra a droga e a toxicodependência em Portugal, e a promiscuidade na atribuição de dinheiros públicos pelo IDT.
Sempre julguei que nesta matéria, já nada nos surpreenderia.Puro engano.Porque mais do que a negociata, o convite revela que, paradoxalmente, em matéria de política de combate à droga e à toxicodependência, o PS capitulou definitivamente perante a irresponsabilidade da extrema esquerda que seria suposto querer vencer.E depois dos últimos anos, já de si tão eloquentes a este propósito, bater mais fundo seria difícil.

Entretanto, encontrei o programa do acampamento dos jovens do Bloco de Esquerda

Equipamento necessário:
- Mortalhas (grandes quantidades) .
- Uma t-shirt*, um par de calções e um par de sandálias.
- Preservativos resistentes e lubrificante.
- Shampoo anti-piolhos.
- Tambores e batucos.
* Deve conter a face de Che Guevara, Bin Laden ou Fidel Castro, prémio especial para a que tiver a face de Estaline de lábios pintados.

Atenção:
Material desaconselhado: - Shampoo, sabão, sabonete e toalhas de banho. - Mais que uma peça de roupa para cada parte do corpo.- Livros ou revistas (excepto revistas de novelas ou livros do tio patinhas).


PROGRAMA:

DIA 1:
Manhã: Recepção e manhã livre para charros.
Tarde: "Eu abortei" palestra a proferir pela mãe de Ana Drago.
Noite: Minuto de silêncio em memória de Gisberto e outro em memória de Gisberta. Noite de charros.

DIA 2:
Manhã: "Imigração: O direito do imigrante viver às custas da Segurança Social Portuguesa" por Alda Macedo. Resto da manhã livre para charros.
Tarde: Actividade física: Lançamento de pedras a polícias.
Noite: Noite livre para expressão das liberdades sexuais: Homem com homem, mulher com mulher, mulher com cão, cão com macaco, etç.

DIA 3:
Manhã: Ensino do slogan "Abaixo o capitalismo". Pílula do dia seguinte para as meninas.
Tarde: "Como negar um arrastão filmado pela TV" por Diana Adringa.
Noite: Noite de charros.

DIA 4:
Manhã: Manhã de charros.
Tarde: Palestra "A luta dos irmãos Árabes contra o agressor Europeu" por Diogo Freitas do Amaral.
Noite: Festa da diversidade: Prémio para quem tiver uma maior variedade de piolhos na cabeleira.

DIA 5:
Manhã: "O Activismo: obedecer sem consciência crítica" por Francisco Louçã.
Tarde: "Uma betinha não brinca aos revolucionários" Pela Dra. Joana Amaral Dias. Resto da tarde livre para charros.
Noite: Noite livre para expressão de liberdades sexuais: Quem calhar com o que aparecer na frente.

DIA 6:
Manhã: "O direito das crianças a serem adoptadas por maricas" por um responsável das panteras Cor de Rosa.
Tarde: "Imigração: Como reduzir o desemprego aumentando o número de desempregados" por Fernando Rosas.
Noite: Noite de batucos, que deverão ser ouvidos em todas as aldeias do concelho.

DIA 7:
Manhã: "O macaco também tem direitos humanos" palestra a apresentar por um deputado progressista do Partido Socialista Operário Espanhol.
Tarde: Consumo do resto das ganzas e partida.